A novidade no meio político em Brasília, depois da atuação da Operação Lava Jato, aconteceu na quinta (7), quando o deputado Eduardo Cunha anunciou que não era mais presidente da Câmara dos Deputados. No editorial da Folha de São Paulo, na sexta (8): “a renúncia atendeu aos anseios de seus adversários, de aliados, do governo Michel Temer (PMDB) e da sociedade, cada qual com um diferente. Tem mais: Réu do Supremo Tribunal Federal em duas ações penais, sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro, e investigado em pelo menos quatro outros casos de desvios de recursos públicos e distribuição de propina. Cunha personifica o tipo de político do qual a população quer se ver livre”. Por outro lado, o deputado Cunha, ao renunciar, disse que “resolvi ceder aos apelos generalizados de meus apoiadores. Somente esta renúncia poderá pôr um fim a essa instabilidade sem prazo. É público e notória que a Casa está acéfala”. Sobre isso, o Estadão, em seu editorial, na sexta (8), dizia “que Cunha tentava assim apresentar uma motivação institucional para seu gesto, quando indica que, vindo de quem veio, se trata apenas de mais um calculado movimento, entre tantos outros, para salvar seu mandato”. Pelo lado de Cunha, ao apresentar sua renúncia, o deputado afirmou ser vitima de perseguições e que seus algozes não respeitaram a sua família.
Evidentemente, o deputado Cunha foi massacrado pela maioria dos deputados e alguns senadores por causa da sua coragem e ousadia dentro da Câmara dos deputados. Seu tipo de atuação mostrou que conseguiu seus objetivos: um político ainda pouco conhecido, conseguiu formar o Centrão que reunia mais da metade dos deputados federais. Com base nisso e na cara e coragem derrotou o deputado apoiado pela presidente Dilma Rousseff na escolha do presidente da Câmara. Com esse jeito de agir, Cunha, em pouco tempo, poderia chegar a presidente da República. Tudo isso fez com que os deputados e senadores de primeira linha estivessem perdendo espaço para Cunha. Aí as lideranças políticas de Brasília começaram o cerco para barrar Cunha. Deu no que deu.