A candidata a prefeita de Santo André, Bete Siraque (PT), e sua vice, Morgana Ribeiro (PCdoB) já entraram para a história da cidade. É a primeira vez que, numa disputa eleitoral municipal, uma candidata a prefeita e sua vice são mulheres.

Além de mulher, Bete é professora e possui experiência na área política. É concursada pela Prefeitura de Santo André, trabalhou na área de Educação na primeira administração do então prefeito Celso Daniel, em 1990. Filiou-se ao PT ainda bastante jovem, em 1989. Quando o Celso foi reeleito, trabalhou na Secretaria de Educação. “Foi uma experiência bastante inovadora na ocasião, porque os alunos com algum tipo de deficiência não frequentavam as escolas convencionais. Também criamos o departamento de Educação do Trabalhador”, relembra. João Avamileno deu sequência a administração petista. “Tivemos oportunidades importantes, entre elas, a apresentação do próprio CESA, além da Sabina e o Planetário, que apesar de ter sido inaugurado em outra gestão, foi organizado por nós”, revela.

Toda essa trajetória na administração pública credenciou a candidata para a disputa por um cargo político eletivo. “Essa caminhada me deu experiência suficiente para saber como a gestão pública funcionava em todos os sentidos. Em 2009, fui trabalhar na secretaria de Educação de Mauá e passei a fazer parte da Executiva do PT. Em 2012, me preparei para ser candidata a vereadora, pela primeira vez. Fui eleita, com 3,6 mil votos. Isso já é uma vitória muito grande porque há uma dificuldade das mulheres se disporem a serem candidatas. E ainda sendo eleita, foi uma vitória dupla. Depois, em 2016, num momento muito crítico e trágico do PT, consegui ser reeleita. Tive um mandato de situação e, o segundo, de oposição”, conta.

A candidata afirma que tudo foi um aprendizado que, conjunturalmente, a preparou para assumir outros desafios e surgiu a possibilidade de ser candidata a prefeita. Bete acredita que a situação política do PT está mudando. Nas últimas eleições municipais, em 2016, a sigla obteve seu pior desempenho da história, pois perdeu 60,2% das prefeituras que administrava, passando de 638 para 254 e, perdeu três reeleições das prefeituras de São Bernardo, Mauá e Santo André, ficando de fora do comando de todas as sete cidades da região. “De 2016 para cá, muita coisa mudou. A situação política não é boa para ninguém. Para nenhum partido político, porque nessa sanha de querer desconstruir o PT, desconstruir o Lula, do impeachment da Dilma, criou-se nas pessoas uma aversão à política e aos políticos. Isso é muito ruim para a democracia. É através da política que se define os rumos de um país, de uma cidade, de um Estado. As coisas não eram bem da forma que estavam sendo ditas na grande imprensa. Estou indo para as ruas, falando com as pessoas. As demais pessoas têm me recebido com muito carinho e respeito, também pelo fato de ser mulher, professora”, explica.

A petista acredita que o pior já passou, apesar dos prejuízos gravíssimos em relação ao berço do PT, que é o ABC, e que nestas eleições, outro quadro pode começar a ser desenhado pelo partido. “Acredito que conseguiremos mudar esse quadro no ABC. Algumas mudanças já começam a apontar em relação a possibilidade de o PT retomar algumas prefeituras”, avalia otimista.

Plano de governo

Geração de trabalho emprego e renda são algumas das prioridades no projeto de uma nova Santo André. “De acordo com o Portal da Transparência, observamos que existem 176 mil pessoas que estão recebendo auxilio emergencial em Santo André. Estão sem emprego formal ou estão desempregadas. Por meio da Economia Solidária, iremos criar cooperativas públicas de trabalhadores. Também queremos inserir nossa cidade no desenvolvimento tecnológico, para que nossos jovens exerçam esse potencial por meio de startups, fab labs”, diz. A implantação do Parque Tecnológico e o foco na vocação de Santo André à indústria química estão entre os destaques.

A Educação também será uma prioridade. “É um instrumento fundamental de garantias de direito, de igualdades de oportunidades, de emancipação, de ascensão social, de conhecimento para o mundo do trabalho e para a vida. Mudamos a sociedade quando se temos intelectualidade”, pondera.

Além disso, dentre outras áreas, Bete avalia que a Saúde é objeto de preocupação. “A atual administração reduziu pela metade o número de remédios disponibilizados nas unidades de saúde. Ouço muitas reclamações. Também o tempo para a realização de consultas e exames é enorme. Vamos fortalecer o programa ‘Saúde da Família’, dar um cuidado especial para os idosos e humanização dos serviços”, garante.