O Dia do Trabalho é celebrado, neste domingo (1) de maio. Após dois anos de pandemia, período no qual muitos trabalhadores sofreram com as medidas sanitárias restritivas, a retomada econômica não tem se efetivado como deveria, pois há diversas dificuldades no cenário econômico nacional,  como o desemprego que afeta mais de 12 milhões de brasileiros, o IPCA-15.  Manifestações marcaram o Dia do Trabalhador, celebrado hoje. Os atos dividem-se entre contrários e favoráveis ao governo.

Mas, será que apesar disso há o que celebrar nesta data? Confira o que pensam os presidentes dos Sindicatos dos Metalúrgicos do ABC, respectivamente, Cícero Martinha (de Santo André e Mauá) e Moisés Selerges Júnior (do ABC).

Folha do ABC- Em meio a tantas dificuldades e ameaças para os trabalhadores, como a inflação e o desemprego, há motivos para celebrar, neste 1° de maio?

Cícero Martinha - A força e a luta do trabalhador, assim como a força da democracia, que são lembradas no 1º de Maio, fazem da data um momento de comemoração. Agora, em relação aos motivos da situação do país, com inflação nas alturas, alto número de desempregados, milhões de pessoas no mapa da fome, indústrias deixando de investir e saindo do Brasil, a perda do trabalho de qualidade, bem como a perda de renda salarial, entre tantos outros problemas, mostram a necessidade da união da classe trabalhadora para enfrentar essas dificuldades. Lembrando sempre que estamos em ano de eleição e precisamos dar a resposta nas urnas. Elegendo um Congresso favorável aos trabalhadores e Lula presidente.

Moisés Selerges Júnior - Nós, a classe trabalhadora, não temos motivos para comemorar neste 1º de maio. Os índices de desemprego e inflação estão altíssimos, a economia não cresce, não há política de desenvolvimento para o País, não há política industrial, então não há motivo de comemoração. Agora, também não adianta ficarmos só lamentando. Os trabalhadores têm que reagir para que voltemos a vislumbrar conquistas.

Folha - Como o sindicato tem avançado na busca por conquistas para os trabalhadores?

Martinha - Resistindo aos ataques e atuando dentro de toda a força e organização combativa da nossa entidade. Encaminhamos as pautas de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) para as empresas e negociamos, apresentando as propostas para os trabalhadores em assembleias. Corremos atrás dos direi-tos garantidos na nossa Convenção Coletiva e Acordos Coletivos de Trabalho, com importantes cláusulas sociais que dão suporte no dia a dia dos trabalhadores.  Por exemplo, nós temos uma Convenção Coletiva com o Sindipeças que dá direito a licença maternidade por seis meses. Isso é conquista. Atendemos a categoria com o auxílio dos nossos departamentos jurídico e médico. E fazendo toda a organização da categoria em torno de seus interesses consegue garantir melhorias concretas para todos.

 Moisés - Na situação que estamos vivendo de fome, peste, guerra, desemprego, inflação, carestia e tudo pelo qual estamos passando, o trabalhador estar empregado hoje já é uma grande vitória. O cenário é péssimo. A primeira conquista é manter o emprego. O Sindicato tem lutado para aqueles que estão empregados se mantenham. Agora, o Sindicato tem elaborado e proposto políticas, principalmente de política industrial, que nos permitiria a geração de mais empregos, se houvesse uma política voltada para a indústria. A indústria tem que voltar a fazer parte do PIB deste pais. Hoje, a (indústria) de transformação representa apenas 10%.

   Outra conquista que nós teremos é mudar o cenário do país. Esse é um ano muito especial porque temos a oportunidade de virar a página da história triste na qual o Brasil está vivendo. E ir para um cenário mais feliz para os trabalhadores, onde haja emprego e renda. É isso que a gente tem feito! A mobilização é importante. Se a gente ficar sem reagir vai ficar mais difícil.

Destinado às famílias em situação de vulnerabilidade social, o Programa Auxílio Brasil oferece transferência direta e indireta de renda. No entanto, nem todas as famílias que têm perfil para receber o auxílio, recebem, de fato, o benefício. No mês de fevereiro deste ano, a chamada demanda reprimida era 1,05 milhão de famílias em situação de extrema pobreza e que não tiveram acesso ao benefício. Em janeiro, 434,4 mil famílias não receberam o auxílio. O número já foi mais elevado em julho e novembro do ano passado, 2,4 milhões e 3,2 milhões, respectivamente. São Paulo é o Estado que possui a maior demanda reprimida, com 90,8 mil famílias.

 Os dados são do levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Segundo a entidade, desde o início de 2022, foi observado um aumento expressivo nos números de famílias aguardando receber o Auxílio Brasil e cabe aos municípios fazerem o cadastro das famílias. Anos atrás, a principal causa da demanda reprimida era o orçamento do programa. Porém, a entidade destaca que de 2019 para 2022, o orçamento previsto para o Bolsa Família e o Auxílio Brasil foi de R$ 32,5 bilhões para R$ 89,9 bilhões. A Confederação aponta alguns motivos das amplas variações de demanda reprimida. Um deles é a ampliação da faixa etária da cobertura do Auxílio Brasil, que aceita famílias com jovens de até 21 anos incompletos. No Bolsa Família, a idade máxima é 17 anos. Outro motivo são as linhas de extrema pobreza estabelecidas para o Auxílio Brasil.

Apesar disso, no ABC, no mês de abril, 114.284 famílias receberam o benefício, sendo em Diadema, 22.877 famílias, totalizando R$ 5,02 milhões; Mauá, 12.686 famílias, que receberam R$ 2,62 milhões; Ribeirão Pires, 4.992, com R$ 1,04 milhão; Rio Grande da Serra, 3.379, com R$ 667.197 mil; Santo André, 33.635 famílias, com R$ 7,61 milhões; São Bernardo, 35.112 famílias, com R$ 7,82 milhões e São Caetano, 1.603 famílias, com R$ 308.917 mil.