26 Apr 2024


Presidente Dilma e governabilidade

Publicado em TITO COSTA
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São Bernardo possui importante avenida com o nome de Lucas Nogueira Garcez, que foi governador do estado de São Paulo de 1952 a 1955. Professor de Hidráulica da Escola Politécnia da USP, saiu de seu anonimato político pelas mãos do então governador Adhemar de Barros que o nomeou Secretário de Obras para depois guindá-lo à condição de candidato ao governo estadual pelo PSP, Partido Social Progressista no qual Adhemar pontificava como senhor absoluto. Eleito e empossado no comando do estado, Garcez não demorou muito para romper com o seu padrinho. É que o ex-governador com seu jeitão de comandante absoluto e seu modo debochado de enfrentar problemas e pessoas entendeu de interferir abertamente nos negócios da administração, como se fosse ele e não Garcez o eleito chefe do governo. Passados alguns meses, veio o rompimento. Entre outras atitudes de retaliação de Adhemar contra seu antigo protegido e pupilo político consta que ele mandou instalar na frente da residência de Garcez, no bairro da Aclimação, um possante transformador elétrico, a bordo de uma viatura ali estacionada, que noite e dia, com seu barulho ensurdecedor, infernizava a família do governador e, por tabela, a de muitos de seus vizinhos.

É a velha estória na política em todos os tempos e lugares: a criatura voltando-se contra o criador. Pois haverá sempre algum motivo para o rompimento, seja de ordem pessoal ou pela de intromissão do outro (o criador) nas questões do governo.
Situação semelhante vem ocorrendo com a presidente Dilma. Há pouco, em decorrência do episódio Palocci e de seu tão falado enriquecimento abrupto, instalou-se uma crise no governo Dilma Rousseff, tendo o ex-presidente, padrinho e principal eleitor de Dilma, aparecido em cena para ajudar a debelar o conflito que acabou por paralisar o governo por mais de duas semanas. Então começaram as inevitáveis especulações: Dilma vai governar por ela mesma ou sob a tutela de Lula? Qualquer pessoa que tenha um mínimo de brio e de zelo por sua personalidade e dignidade não pode tolerar qualquer tipo de intromissão explicita em seus negócios quer sejam eles no mundo do comércio, quer se trate de administração pública e atuação na vida política.

Colocada diante de incômoda situação de referências oriundas de diz-que-diz e de comentários desprimorosos por via da mídia quanto à sua situação de suposta dependência de direcionamento externo, passou ela a fazer referências explicitas, em pronunciamentos recentes, ao seu governo, como o meu governo. Mais de uma vez, em poucos dias, em posses de novos ministros ou lançamentos de programas governamentais, ela falou enfáticamente em meu governo. Procura assim, por certo, dissipar maledicências e proclamar uma certa alforria em relação a grilhões por meio dos quais estariam tentando manietá-la e aprisioná-la na condução e no comando dos negócios de estado dando cumprimento à importante missão que lhe foi delegada por mais de 50 milhões de brasileiros. Ponto para ela.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Sexta, 01 Julho 2011 12:25
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