Aquele maluco que praticou o terrorismo na Noruega, um país devotado à conservação da paz, chama-se Anders Behring Breivik, tem 32 anos, travestiu-se de um novo Cruzado ou Cavaleiro Templário em luta contra as imigrações de estrangeiros e a chamada “ameaça islâmica”. Segundo ele mesmo disse, confessando a autoria do bárbaro crime, agiu para resguardar tradições fanaticamente cristãs, de ultra direita. Foi em 22 de julho deste ano de 2011 que numa só ação de violência devastadora assassinou 77 pessoas, a maioria jovens com idade entre 14 e 18 anos acampados na Ilha de Utoya, a 40 quilometros da capital Oslo.
A Ordem dos Templários surgiu por volta do ano 1118, em Jerusalém, com o fim de proteger peregrinos que afluíam à Terra Santa depois da primeira Cruzada, este outro movimento religioso avalizado pela Igreja Católica, que se propunha a defesa dos Lugares Santos percorridos por Cristo. Para tanto, não tiveram nenhum escrúpulo em utilizarem-se de processos de violência incomum para a “defesa de valores cristãos”. Esses movimentos que surgiram ao longo da história do cristianismo, bafejados por verdadeiro fanatismo religioso à semelhança das chamadas “guerras santas”, diziam-se inspirados por força divina e eram abençoados pelos Papas reinantes na época.  Outra das maiores manchas de violência e intransigência religiosa a comprometer a história da Igreja de Cristo foi a Inquisição, movimento de “defesa da fé” impulsionado por perseguições implacáveis aos chamados infiéis, levando-os à fogueira e seqüestrando seus bens. Tinha mais propósitos econômico-financeiros do que religiosos.
Para quem conhece tais antecedentes de terror medieval não será difícil entender a ação desse desvairado norueguês que assumiu a autoria do crime bárbaro, está preso e deverá ser julgado e condenado na verdadeira proporção de seu tresloucado gesto. Ele consegue ser a um só tempo fundamentalista, nacionalista, neonazista, racista fanático, lunático e tantos outros áticos que se lhe possam atribuir, inspirado pela pior espécie de nazismo de que se tem notícia depois dos massacres de judeus nas fornalhas de Auschwitz. E nós ingenuamente pensando que todo esse horror racista e político-religioso já estivesse sepultado em tempos mais recentes da história dessa incorrigível raça humana, nascida - dizem - do ventre de muitos deuses e com a fúria vingativa deles.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.