06 May 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
Lido 1084 vezes
Avalie este item
(0 votos)

Certo dia recebi um e-mail que falava sobre uma cadeira de balanço.
Isso me fez lembrar a que tinha em minha sala. Ela era de meu avô português, João Domingues Tavares. Quando eu tive meu primeiro filho e ia para a casa de meus avós, eu ficava com meu pequenino na cadeira de balanço para que ele pegasse no sono. Era só começar o vai e vem e ele fechava os olhinhos. Nessa época eu morava em frente à casa dos avós, na Rua João Pessoa. Mais tarde, meus três filhos amavam ficar no colo do bisavô, que ficava no terraço de sua casa, onde colocou sua cadeira preferida: a de balanço. Sentados lá, víamos os amigos passarem na rua e entrarem para uma prosa.
Mais tarde, depois que meu avô faleceu, eu herdei essa cadeira. Em tempos de saúde e de doença, ela lá estava em frente à TV e era a preferida de todos, mas era a minha cadeira: do descanso, do tricô, do crochê. Theo comprou um banquinho lindo, com estofado feito em tear, para eu colocar os pés (onde eu os descanso até hoje).
Com os netos chegando, todos queriam estar no doce balanço da cadeira. As cantigas de ninar sempre acompanhando o ritmo da “vai e vem”. Eu sentava nela e os netinhos já subiam nos meus joelhos: Cavalinho, Cavalão, Vai prô céu, Vai prô CHÃOooo … Essa cadeira hoje está com meu filho Robi....
Minha avó alemã Catharina Guttbier Bellinghausen tinha aquela cadeira de balanço em estilo austríaco. Desde que éramos crianças, minhas irmãs, meu irmão e eu, adorávamos nos balançar nela enquanto comíamos farinha de trigo torrada e misturada com açúcar, servida em papel pardo que era a embalagem do filão de pão que comprávamos nas padarias da rua Marechal Deodoro. Tínhamos próximas as nossas casas, a Padaria Brasil e a Padaria Royal. Naquele tempo, o saquinho de papel era guardado e usado para secar a gordura dos alimentos, pois não havia o papel toalha. Minha tia Leone, rasgava o saquinho em pedaços e os cobria com a mistura e ficávamos todos enfarinhados.
Essa cadeira, que tem mais de 120 anos, hoje está com minha irmã Suzana. Está naquela sala moderna, onde a cadeira antiga dá um toque de elegância, nos trazendo boas lembranças.
Ao sentarmos numa cadeira que nos embala, deixamos o tempo passar. É o momento de não se fazer nada. Tempo de sonhar. Tempo de recordar.
Quando relembramos dos entes queridos que se sentaram nelas, veem-nos as lembranças das histórias de suas vidas. Os causos, as brincadeiras, as piadas que nos foram contados...
Não deixe que a correria da vida tire de vocês esses momentos tão agradáveis. Feliz de quem tem uma, principalmente nos momentos de hoje, quando temos que nos acalmar e deixar as lembranças fluindo...
Hoje tenho duas pequenas poltronas, estofadas em veludo verde claro azulado, que foram escolhidas há anos por meu marido Theo. A cor? Acho que por ele ter sido palmeirense... Elas giram e balançam, e são as escolhidas por todos que chegam aqui no meu apartamento.
Na mensagem que li, no final dizia algo, como: - Corra! Compre uma cadeira de balanço e deixe livres seus sonhos!
Quem sabe é disso que precisamos?
Um abraço, Didi

 

Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

1 Comentário

Deixe um comentário

Make sure you enter the (*) required information where indicated.Basic HTML code is allowed.

Main Menu

Main Menu