02 May 2024


Mudança nos hábitos culturais

Publicado em Editorial
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Ir ao teatro, cinema, assistir um espetáculo de dança e música, tudo presencialmente, já não atraem tanto o interesse dos brasileiros da mesma maneira que em relação aos anos pré-Covid. A frequência do brasileiro em atividades culturais presenciais está em queda, mesmo com a reabertura das atividades e o país caminhando para o pós-pandemia. Ao que tudo indica, o público, tem preferido manter o consumo de conteúdo online.
Segundo dados da terceira pesquisa Hábitos Culturais, realizada entre junho e julho pelo Itaú Cultural e pelo Datafolha, quase dois de cada três brasileiros fizeram menos atividades de cultura e lazer entre meados de 2021 e meados de 2022, em relação ao que faziam antes da pandemia. Cerca de 62% dos entrevistados revelaram que realizaram menos atividades de lazer e cultura nos 12 meses anteriores à data da pesquisa, 26% mantiveram a frequência e 12% diminuíram.
Além disso, cerca de 26% dos entrevistados disseram ter ido ao cinema nos últimos doze meses, mas em momento anterior à pandemia, 59% haviam ido ao cinema. Houve redução também no número de pessoas que assistem apresentações de teatro, música e dança, de 39% para apenas 18%; exposição e museus (27% para 8%), centro culturais (36% para 11%) e aulas de arte (27% para 10%).
Apesar das diferenças, as atividades presenciais foram às quais os entrevistados sentiram mais falta durante a pandemia. Cerca de 38% elegeram cinema no topo da lista, em relação a 47% do ano passado e 58% entre as três mais sentidas. Apresentações de teatro, dança e música foram a ausência mais lamentada por 14% das pessoas, e para 28%, entre as três mais.
Nos Estados Unidos, a situação não é diferente. A retomada dos espetáculos presenciais, após as paralisações geradas pela pandemia, causou euforia nos últimos doze meses, mas o público espectador tem sido bem menor do que os produtores esperavam.
A audiência permanece em baixa, tanto em Nova York, onde há dezenas de teatros da Broadway, quanto no restante do país. Na Broadway, por exemplo, o número de pessoas que assistiram a espetáculos durante a temporada, que se encerrou recentemente, é menos da metade do que foi registrado na temporada anterior, ou seja, 6,7 milhões de espectadores, contra 14,8 milhões antes da pandemia.
Porém, essa queda na frequência de atividades culturais pode estar relacionada não só a mudança de hábito, ou por algum receio remanescente de contato social, mas também aos desdobramentos da pandemia. O Brasil não está com a economia em sua melhor fase. Em 2021, houve grande queda do valor do rendimento médio do trabalho, de acordo com dados do IBGE. No final do ano passado, os salários eram cerca de 8% inferiores aos de dezembro de 2019. O salário médio está bastante próximo dos piores níveis em uma década, ou seja, desde 2012.
Apesar desta questão econômica influenciar, talvez, as pessoas se acostumaram a não saírem de casa e os produtores dessas atividades culturais ainda enfrentarão alguma dificuldade em atrair o público de volta, que tem preferido outras atividades aos espetáculos clássicos e teatrais.

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