02 May 2024

Publicado em Editorial
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O resultado do primeiro turno das eleições consolidou um novo ciclo político no Brasil. Na liderança de uma das duas forças políticas que encabeçam a disputa eleitoral, a centro-direita social liberal perdeu força para uma direita bolsonarista para rivalizar com a esquerda.
A população brasileira também elegeu um Congresso mais conservador, com uma inesperada “onda direitista”. Só o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, elegeu 99 deputados federais. No Senado também houve uma guinada conservadora. A partir de 2023, o PL também terá a maior bancada da Casa, com 14 das 81 cadeiras, mas, no total, o bolsonarismo terá 41 das 81 cadeiras.
A “nova política” que protagonizou o debate eleitoral em 2018, com candidatos outsiders ou novos nomes do meio também ficou para trás. A eleição de 2022 foi tomada pelas mesmas forças políticas de 2018, bolsonarismo e petismo. Não sobrou espaço para uma terceira via na preferência do eleitorado.
O PSDB, que sempre lançou candidato próprio às eleições presidenciais, viu nas urnas a sua maior derrota. Somente na Câmara, o número de parlamentares despencou de 22 para 13, ou seja, uma queda de 41%. No Senado, a bancada terá dois representantes a menos, caiu de 6 para 4. Além disso, perdeu a hegemonia de 28 anos à frente do governo do Estado de São Paulo. O candidato tucano Rodrigo Garcia (PSDB) não passou para o segundo turno.
Agora, o futuro do partido depende das eleições do Rio Grande do Sul e de Pernambuco para que a legenda não seja engolida pelo bolsonarismo, posto que a maioria da bancada tucana eleita, de 13 deputados federais, apoia a reeleição de Bolsonaro, enquanto que a ala mais velha do partido manifestou apoio à Lula (PT).
Por outro lado, o resultado das urnas em relação ao ABC vai na contramão da onda da direita. No ABC, considerado "berço petista", Lula (PT) foi o mais votado para presidente da República. Dos sete municípios da região, Lula foi o campeão de votos em cinco cidades: São Bernardo, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Bolsonaro só foi vitorioso em Santo André e São Caetano. O mesmo ocorreu na disputa para governador. Fernando Haddad (PT) foi o mais votado em seis municípios do ABC. O candidato bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) só ganhou do petista em São Caetano. Mesmo assim, na última semana, durante encontro com empresários da região, em São Bernardo, Tarcísio afirmou que espera que “São Bernardo, que foi o berço do PT”, agora, seja “o cemitério do PT”.
Para o segundo turno, o cenário sugerido pelas pesquisas eleitorais é de vitória para Lula e Tarcísio, o que seria, no mínimo, contraditório à onda "direitista”. Porém, no primeiro turno, pôde-se observar resultados diferentes das pesquisas de intenção de votos, portanto nada está definido.
No caso da vitória de Lula, o petista enfrentará um Congresso conservador e poderá ter problemas com a governabilidade, mas caso Bolsonaro seja reeleito, terá enorme facilidade em aprovar projetos e pautas de interesse do governo. Em relação ao Palácio dos Bandeirantes, Haddad terá a hercúlea missão de tentar derrotar o bolsonarismo que ganhou força com a aglutinação de apoiadores tucanos, entre eles, os prefeitos do PSDB de Santo André, São Bernardo e São Caetano. No total, Tarcísio possui apoio de 538 prefeitos dos 645 do Estado, além de doze partidos. No que tange ao resultado final, o quadro é de indefinição, mas as disputas prometem ser muito acirradas, com grandes chances de haver estreita diferença na margem de votos.

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