30 Apr 2024


A violência contra jornalistas

Publicado em Editorial
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A desqualificação do jornalismo profissional como mediador do debate público vem acontecendo há muito tempo, mas se intensificou nos quatro últimos anos. Não faltaram episódios de hostilidade à imprensa. Jornalistas passaram a ser agredidos não só verbalmente, mas fisicamente, além de serem perseguidos e ofendidos.
De acordo com dados apresentados pelo secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Augusto de Arruda Botelho, em 2019, foram 208 ataques; em 2020, 428 e, em 2021, o número continuou crescendo.
A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançou, na quarta (25), o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil (2022), levantamento que mapeia agressões contra jornalistas ao longo do ano passado. Segundo dados do relatório, foram registrados 376 casos de agressão em 2022, 54 a menos que os 430 registrados em 2021, ano com o maior número de ataques desde o começo dos levantamentos da Fenaj. Apesar da queda, o documento mostra que as agressões diretas a jornalistas cresceram em todas as regiões do País.
Durante os atos de vandalismo contra a sede dos Três Poderes, em Brasília, no último dia 8 de janeiro, jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas foram atacados. Alguns deles foram empurrados, chutados e tiveram seus equipamentos de trabalho roubados ou destruídos. Levantamento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e da Fenaji apontou que 16 profissionais de imprensa foram agredidos, além de terem sido registradas 37 ocorrências e mais 40 profissionais alvos de algum tipo de ataque no país.
Para tentar coibir esses ataques aos jornalistas, o Ministério da Justiça anunciou, na última semana, a criação do Observatório Nacional da Violência Contra Jornalistas, que irá monitorar todos os casos de ataque a categorias de jornalistas e veículos em geral, por meio do acionamento das autoridades competentes, acompanhamento das investigações e participação ativa no intuito de auxiliar na identificação dos autores de crimes. E, ainda, na criação de um banco de dados. “A escalada de violência de ataques contra a imprensa e contra a liberdade de imprensa vem crescendo no nosso país”, lamentou o secretário Arruda Botelho, que será o responsável pelo Observatório.
É muito bem-vinda essa iniciativa. É um ato de defesa da democracia, antes de tudo, pois o jornalismo livre, independente e apartidário, só é possível se os jornalistas e profissionais da imprensa puderem exercer, de maneira irrestrita o seu ofício, saindo às ruas, cobrindo e apurando fatos e informações, com o destemor inerente à profissão. Tudo isso para que a população conheça a verdade, seja bem informada e, com isso, tome decisões, sejam elas individuais ou coletivas, da melhor maneira possível.
É urgente e necessário o envolvimento do governo federal para que as agressões contra jornalistas sejam coibidas e assim, garantam o direito assegurado pela Constituição: a liberdade de imprensa.
Com o Observatório, será possível dimensionar o problema das agressões e estabelecer, assim, ações para que seja possível reverter esse clima de ódio, que foi instalado ao longo dos últimos quatro anos, com medidas, políticas públicas, campanhas de conscientização e ações direcionadas que mostrem que a imprensa não é inimiga de ninguém, e, o principal, que o respeito ao trabalho dos profissionais de imprensa seja restabelecido.

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