30 Apr 2024


Pacificação e defesa à democracia

Publicado em Editorial
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   Foram reeleitos para o comando da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, respectivamente, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na quarta (1). Os dois candidatos apoiados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
   Com 464 votos, Lira (PP-AL) foi reconduzido para mais um mandato no biênio 2023-2024. O deputado foi apoiado por um único bloco parlamentar reunindo 20 partidos, incluindo duas federações. Lira obteve a maior votação absoluta de um candidato à Presidência da Câmara nos últimos 50 anos, segundo dados do portal Câmara Notícias.
   Em seu discurso, Lira afirmou que não há mais espaço no Brasil para aqueles que atentam contra os Poderes que simbolizam a democracia. "Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a demo-cracia. Quem assim atuar terá a repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Para aqueles que depredaram, vandalizaram e envergonharam o povo brasileiro haverá o rigor da lei", afirmou.
   Em menos de três meses, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nas urnas, Lira pavimentou um caminho que o moveu de aliado bolsonarista para o entorno de Lula. O deputado teve um amplo arco de apoio, indo do próprio PL ao PT.
   Nestas eleições da Câmara, o PT acabou fazendo uma escolha pragmática. Além da esquerda ter apenas um quarto das 513 cadeiras, o PT evitou cometer os mesmos erros do passado, quando fracassou ao tentar interferir na eleição do Legislativo. Em 2005, no primeiro mandato de Lula, Eduardo Greenhalgh (PT) saiu derrotado para Severino Cavalcanti (PP). Em 2015, no segundo governo de Dilma Rousseff (PT), Arlindo Chinaglia (PT) perdeu para Eduardo Cunha (então PMDB). Cunha inclusive comandou o impeachment de Dilma, em 2016.
Em relação ao Senado, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) continuará no comando da Casa no biênio 2023–2024. Pacheco venceu a eleição com 49 votos, ficando à frente de seu adversário, Rogério Marinho (PL-RN), que obteve o apoio de outros 32 parlamentares, inclusive de Eduardo Girão (Podemos-CE), que também era candidato, mas desistiu da disputa.
   Marinho contava com o apoio de Bolsonaro, que mesmo dos Estados Unidos, havia se tornado um de seus principais cabos eleitorais. Segundo o Estadão, o ex-presidente ligava para parlamentares pedindo voto em Marinho. Já a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia retornado ao país, participou de jantar do PL nas vésperas da eleição e ainda esteve, na quarta (1), no Senado, para pedir votos a Marinho, porém, a presença de Michelle não surtiu efeito. Pacheco foi o vitorioso. O adversário de Pacheco até buscou convencer os parlamentares alegando que: “a alternância de poder oxigena a democracia e permite oportunidade a todos”, contrariando, até, o sentimento vigente em parte dos bolsonaristas, de não aceitar a derrota do ex-presidente nas urnas.
   Pacheco, em seu discurso de posse, comentou sobre a cultura do ódio que paira no Brasil. “O discurso de ódio, o discurso mentiroso, o discurso golpista que aflige e afasta a democracia deve ser desestimulado, desmentido, combatido por todos nós, sem exceções (...) O enfrentamento da desinformação deve ser claro, assertivo e direto. Só assim vamos vencer a cultura do ódio, que nos divide e nos enfraquece”, disse.
   Ainda afirmou que a “democracia está de pé pelo trabalho de quem se dispôs ao diálogo, e não ao confronto”. E completou: “pacificação não é defender soluções que geram instabilidade institucional, e sim entender que o Brasil é um só”.
   Apesar das divergências de opiniões entre os brasileiros, os discursos dos reeleitos para comandar o Congresso, sintetizam uma grande necessidade para o país. O Brasil urge pela pacificação, pela verdadeira defesa da democracia, pelo respeito e pelo fim da cultura ao ódio contra tudo e todos que apresentam diferenças.

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