O processo de desindustrialização da economia brasileira tem se acentuado ao longo dos anos. A participação do setor manufatureiro no PIB (Produto Interno Bruto) vem encolhendo continuamente nos últimos anos e a indústria continua perdendo protagonismo na economia nacional. Só o ABC, já perdeu nos últimos anos grande parte do seu parque industrial, que está fadado, até mesmo, a desaparecer, caso nada seja feito.
   Num dos melhores momentos, em 1985, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o peso do setor manufatureiro chegou a 24,5% do PIB, mas essa participação tem atingido novas mínimas históricas. Em 2021, o setor atingiu 11,3% de participação do PIB. Trata-se do menor percentual desde 1947.
   No Dia da Indústria, celebrado em 25 de maio, o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, ressaltou que entre os anos de 1940 e 1980, o Brasil ostentou um dos maiores crescimentos mundiais, puxado pela “locomotiva da indústria” e, assim, se colocava entre as dez maiores economias do mundo. “Foi a indústria que puxou esse crescimento, alcançando quase 30% de participação do PIB”, enfatizou.
   Alguns dias depois, durante inauguração oficial da fábrica de ônibus elétricos da Eletra, em São Bernardo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reverberou as palavras de Josué, ao dizer em seu discurso que: “a indústria brasileira já representou quase 30% do PIB nacional” e que, hoje, o que se vê é que a indústria brasileira está “sumindo do cenário do nosso país. Hoje, a indústria representa 10% ou 11% do PIB nacional”. Na ocasião, ainda disse que cabe ao Estado Brasileiro garantir a sobrevivência da indústria brasileira para que “possamos um dia ser competitivos com o exterior”.
   Os desafios da indústria são diversos. Alguns deles foram citados por expoentes do setor, durante o lançamento da Frente Parlamentar do Desenvolvimento Econômico, da Indústria e do Comércio do Estado de São Paulo e em Prol dos Setores Automotivo, Supermercadista, Têxtil e de Confecções e do Gás Natural, que contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas, na quarta (7). O excesso da carga tributária, a dificuldade na concessão de créditos, a alta taxa de juros, dificuldade no fornecimento de energia elétrica, ou não cumprimento de prazos, por parte da concessionária fornecedora de energia, maquinário obsoleto e ultrapassado frente às inovações tecnológicas internacionais estão entre eles.
   Talvez, o principal desafio esteja relacionado à Reforma Tributária, que se faz necessária para corrigir uma das maiores distorções do sistema brasileiro de impostos e a guerra fiscal entre os Estados brasileiros. Na avaliação do presidente da Fiesp, o atual sistema está esgotado e precisa ser modificado. Josué defende a implantação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), um imposto adotado em 172 países do mundo, pois ele traria a desoneração dos investimentos e das exportações.
   Porém, com a criação do IVA, haveria a eliminação do ISS, e, praticamente, a totalidade dos prefeitos é contra, pois isso diminuiria a arrecadação. Além disso, a preocupação em torno desta reforma está diretamente ligada aos impactos e interferências que poderão vir afetar o federalismo nacional. O governador, na quarta (7), no Palácio dos Bandeirantes, defendeu o federalismo. “Queremos uma reforma que garanta e preserve o federalismo, mas que traga de fato a simplificação”, disse.
   De fato, a complexidade dos entraves que envolvem a indústria nacional é desafiadora. Contudo, esses desafios só serão superados com trabalho em conjunto, indústria e governo não podem pensar diferente, é preciso muito empenho e soma de esforços para que o setor manufatureiro ganhe competitividade internacional e recupere o prestígio conquistado décadas atrás.