01 May 2024


10 anos das Jornadas de Junho

Publicado em Editorial
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 Neste mês, completa-se 10 anos das chamadas Jornadas de Junho, a série de manifestações que se iniciou com insatisfações sobre as tarifas de ônibus e depois agregou pautas e grupos difusos, que promoveram uma verdadeira reviravolta na política brasileira.
 Ao longo de junho de 2013, diversas manifestações tomaram as ruas. Em muitas delas, havia cartazes com dizeres como: "Não são só R$ 0,20", além de muitas outras faixas, que exibiam todo o tipo de descontentamento popular. Na ocasião, os manifestantes vestiam-se com roupas de cor preta, caracterizadas pela ação black bloc, mas se misturaram a camisetas da seleção brasileira, outras verde-amarelas e também bandeiras do Brasil. Pautas genéricas, como "contra a corrupção", ganharam as ruas de São Paulo e, depois, do país.
 As jornadas tiveram início com o MPL (Movimento Passe Livre), que defende a adoção da tarifa zero para transporte coletivo. Porém, com a revogação do aumento nas passagens do transporte público, no dia 19 de junho de 2013, a vitória criou um vazio de liderança nos atos, que, em parte, foi assumida por atores da direita política, como o Vem Pra Rua.
 Na época, o país era presidido por Dilma Rousseff (PT). Mas, a partir daquele mês, contudo, um novo momento político se iniciaria: vieram, na sequência, a operação La-va Jato, o impeachment da petista e a eleição de Jair Bolsonaro (PL).
 Assim, pautas conservadoras eclodiram naquele momento. Cobravam mais liberdade econômica, ao mesmo tempo em que assumiam valores conservadores nos costumes.
 Os protestos de 2013 também simbolizam outro movimento na política nacional. As Jornadas de Junho atraíram para as ruas um movimento da direita que estava represado, reprimido, desde a época da Ditadura Militar. Com isso, houve um fortalecimento e crescimento de candidatos identificados com pautas conservadoras.
 A direita mais “radical” começou a ganhar espaço, mesmo com a reeleição da presidente Dilma, em 2014. Como exemplo disso, temos a própria votação do então deputado federal, Jair Bolsonaro, que quadruplicou a quantidade de votos que vinha recebendo nas últimas décadas, de cerca de 100 mil para 400 mil. A direita também conseguiu dar voz, levar as pessoas para as ruas e os políticos ligados a essas questões conseguiram atrair cada vez mais eleitores, entre eles Bolsonaro.
 No entanto, o combate à corrupção, uma das principais bandeiras de 2013, acabou perdendo força e os brasileiros não mudaram expressivamente a forma como escolhem os seus candidatos.
Pesquisa realizada pelo Ipec/O Globo identificou que apenas quatro em cada dez brasi-leiros dizem ter alterado a forma como escolhem seus candidatos a partir das Jornadas de Junho. Cerca de 40% dos entrevistados, porém, não avaliam que os eventos de 2013 reduziram a corrupção e outros 35% acreditam que houve, sim, diminuição da prática. Além disso, uma parcela significativa, 40%, sequer se lembra dos protestos.
Para 39% dos eleitores, as manifestações mudaram seu modo de escolher os candidatos nas eleições, porém, 35% avaliam que os episódios não influenciaram em nada o seu voto.
   Passada uma década, não se pode negar que o tema da corrupção entrou na agenda política nacional e a efervescência de 2013 também reverberou no cenário político brasileiro. Porém, outros desdobramentos, nada positivos, suscitaram após o impeachment da presidente Dilma, em 2016. O principal deles é a odiosa polarização política, que ainda vigora ferozmente no Brasil, dividindo o país e trazendo incalculáveis perdas para todas as esferas da sociedade.

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