03 May 2024


A greve contra as privatizações

Publicado em Editorial
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   Mais uma vez os trabalhadores viveram um dia de caos provocado pela greve unificada dos funcionários da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Era para ser uma terça-feira normal, mas não foi.
   Convocada pelos sindicatos dessas categorias, a greve afetou mais de 3 milhões de pessoas, na terça (3). Muitos, impedidos de entrar nas estações do Metrô e da CPTM, enviavam fotos para seus empregadores para justificar o atraso ou a ausência no trabalho. Houve, também, aqueles que tinham consultas ou exames agendados com bastante tempo e, agora, terão que ser remarcados para meses depois.
   Moradores do ABC também foram prejudicados. Milhares de pessoas que residem na região se deslocam diariamente de suas cidades para estudar ou trabalhar na Capital. Muitos deles realizam parte de seus trechos com metrôs ou trens. No último estudo sobre o retrato da mobilidade da população do país: “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, realizado pelo IBGE, divulgado em 2015, mais de 850 mil moradores do ABC se deslocam diariamente para São Paulo. Atualmente, este número, certamente, já deve ter passado de 1 milhão.
   O trânsito também foi fortemente afetado, chegando a um congestionamento de 598 km. Os que tentaram recorrer ao transporte por aplicativos, para cumprirem compromissos profissionais, tomaram um susto. O valor das corridas passava, facilmente, dos R$ 200, para trechos relativamente curtos.
   Os grevistas protestaram contra os estudos realizados pelo Governo do Estado para a privatização do Metrô, CPTM e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Os sindicatos argumentam que as desestatizações podem resultar na deterioração da qualidade dos serviços, e citam como exemplos as Linhas 8 e 9 da CPTM, que teriam enfrentado falhas no primeiro ano de gestão privada.
Por ordem da Justiça do Trabalho, 100% do efetivo das duas companhias deveria estar operacional nos horários de pico (entre 6h e 9h e entre 16h e 19h) e 80% nos demais horários. Porém, mesmo com a fixação de multa de R$ 500 mil, para cada um dos sindicatos em caso de descumprimento, a decisão judicial foi ignorada.
   O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi eleito em outubro de 2022 com um Plano de Governo focado em privatizações de empresas e serviços públicos de São Paulo. Nos últimos meses, havia começado estudos para repassar à iniciativa privada o controle das três principais estatais paulistas: a Sabesp, o Metrô e a CPTM. O governo deverá investir cerca de R$ 100 milhões nos estudos e projetos, em parceria com uma consultoria vinculada ao Banco Mundial, a International Finance Corporation (IFC), para viabilizar essas privatizações.
   Tarcísio e os presidentes do Metrô, da CPTM e da Sabesp, na terça (3), fizeram um pronunciamento sobre a greve dos servidores das três companhias, no Palácio dos Bandeirantes. O governador criticou a paralisação. "Infelizmente aquilo que a gente esperava está se concretizando. Temos aí uma greve de Metrô, CPTM, uma greve ilegal, uma greve abusiva, uma greve claramente política, uma greve que tem como objetivo a defesa de um interesse muito corporativo ", afirmou.
   O mais importante nesta guerra entre grevistas e governo foi esquecido, novamente: o cidadão. O prejuízo profissional e pessoal que cada uma das 3 milhões de pessoas afetadas com privação de um serviço essencial, e do seu direito de ir e vir não será reparado. Tudo poderia ter sido evitado caso houvesse diálogo entre os funcionários e sindicatos dessas categorias e o governo paulista. Tarcísio garantiu que haverá "o momento da população fazer parte do rito" e que “existe o formato adequado para se manifestar no processo, para dar contribuições, para mostrar discordância”. É preciso aguardar, mas difícil acreditar que essa tenha sido a última vez que isso ocorra.

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