09 May 2024

Publicado em Editorial
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   O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na Av. Paulista, no domingo (25) de fevereiro, mostrou que o bolsonarismo se mantém unido e com mobilização nas ruas, mesmo mais de um ano após a saída de Bolsonaro do governo federal.
   A manifestação foi articulada pelo ex-presidente, após operações de busca e apreensão da Polícia Federal, que tiveram como alvo Bolsonaro e aliados, no inquérito que investiga um suposto “plano golpista” para mantê-lo no poder após as eleições de 2022.
   O ex-presidente, em seu discurso, afirmou sofrer uma perseguição, que segundo ele teria se intensificado depois que deixou a presidência em 2022. Falou em “pacificação” e ainda pediu anistia para implicados na Justiça pelo 8 de janeiro. “Uma anistia para aqueles pobres coitados presos em Brasília”, disse. Também negou qualquer articulação golpista após a derrota nas urnas.
Bolsonaro ainda tentou argumentar que a eleição de 2022 ficou para trás, dizendo que deveria ser considerada uma “página virada”.
   Página não tão virada assim. O ato de domingo mostrou que, na realidade, e contrariando o que muitos políticos afirmam em suas narrativas, o País segue dividido ao meio. A polarização política continua mais viva do que nunca.
   O Brasil se dividiu desde a eleição de 2018, ano que ficou marcado na história, pois nunca o País teve uma disputa entre grupos de esquerda e direita tão característicos. E desde 2018, ou seja, há quase sete anos, nada mudou. Bolsonaro repete as aglomerações de carreatas, motociatas e passeatas na Av.Paulista que costumava a fazer desde quando era presidente.
   Desta vez, não houve cartazes ou faixas com xingamentos a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), nem pedidos de intervenção militar, mas manifestantes fizeram coro com ataques ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pedindo o impeachment de Lula em diversas ocasiões.
   A conclusão a ser tirada é que o embate Lula-Bolsonaro não acabou com o resultado das urnas em 2022 e sua permanência indica que a polarização política tem alcançado novos patamares: a calcificação de ideias. O comportamento de extremos já rompeu os limites da política e transbordou para a vida cotidiana.
   Ainda que haja preferências políticas ou partidárias, elas não devem extrapolar limites toleráveis. Os riscos de uma estagnação ou até mesmo de um retrocesso para um País que tem sua população dividida e que se comporta como meros torcedores fanáticos de qualquer político, seja ele qual for, são imensos.
   Sem contar o prejuízo das relações sociais. Quem não conheceu alguém que perdeu um amigo por proferir algum comentário político? Quem não deletou algum amigo das redes sociais para não ver manifestações em prol do político do outro lado, que não o “seu”? Ou quais famílias que não se dividem ou se dividiram, em algum instante, e perderam momentos de harmonia e união?
   Até quando o País permanece dividido politicamente? Quando tudo voltará a ser como era, com diferenças partidárias, mas sem ódio ou divisão de lados? Quando serão cessados esses rótulos de esquerda e direita?    Quando vamos superar essa realidade na qual tudo se transforma em briga, em motivo de discussão, nessa situação em que muitas pessoas param de se relacionar com quem pensa diferente e se voltam apenas para o grupo com o qual se identifica? Estamos perdendo muito a cada dia e talvez não seja possível recuperar o estrago lá na frente.
   Até quando os brasileiros vão torcer por políticos e colocar o próprio País em segundo plano? Não faltam exemplos de nações que colocaram figuras políticas em importância superior a do próprio país e sucumbiram em caos econômico e social.

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