29 Apr 2024

Publicado em Editorial
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   O Dia Mundial da Água foi celebrado, na sexta (22). A data, que destaca a importância desse recurso para a manutenção do ecossistema e da vida, foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e visa à ampliação da discussão sobre o tema.
   Apesar da conscientização sobre a importância da água, dados alarmantes revelam que o recurso ainda não é tratado com a devida atenção.
   Atualmente, no Brasil, ainda existem mais de 33 milhões de pessoas que sofrem com a ausência de água tratada. Ainda que o País seja privilegiado, pois possui 11,6% de toda a água doce do planeta, as fontes de água são contaminadas com o despejo de lixo e esgoto, principalmente nos rios. E o desmatamento cada vez maior tem piorado a situação. Sem a vegetação protetora, secam rios e as nascentes de onde vem a água. Assim, não há chuva que reverta o processo.
   A principal causa da poluição da água é a falta da coleta de esgoto. No Brasil, são quase 100 milhões de pessoas sem coleta e tratamento de esgoto, o que compromete a saúde da população. O País ainda está longe de atingir a meta de universalização do saneamento básico para todos os brasileiros. Dados do Instituto Trata Brasil, divulgados, na quarta (20), apontam que, entre as 100 cidades mais populosas do país, apenas três já cumpriram o objetivo: Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP).
   No ranking sobre a situação do serviço de saneamento básico, das 100 maiores cidades do País, os municípios do ABC, por exemplo, não figuram em colocações de destaque.
Santo André aparece na 31ª posição, tem 100% de atendimento de água e esgoto, porém apenas 47,93% do esgoto tratado sofre com as perdas na distribuição que chegam a 31,2%. Na 36ª posição, está Diadema, com 100% de atendimento de água, 97,49% de atendimento de esgoto, 55,62% de tratamento de esgoto, 33,71% de perdas na distribuição; na 37ª posição está Mauá, com 89,71% de atendimento de água, 100% de atendimento de esgoto; 88,88% de tratamento de esgoto e 46,72% de perdas na distribuição. Na 38ª posição está São Bernardo, possui 98,27% do atendimento de esgoto, 91,83% de atendimento de esgoto; apenas 31,92% de tratamento de esgoto e 29,61% de perdas na distribuição.
   Outro problema é o volume de resíduos de agrotóxicos nas águas. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do planeta em volume de produtos, com mais de 550 mil toneladas de ingredientes ativos. Entre 2010 e 2019, o Ministério da Saúde registrou a intoxicação de 56.870 pessoas por substâncias contidas nos agrotóxicos. Em um copo de água potável podem estar presentes 27 tipos diferentes de agrotóxicos, segundo o estudo Por Trás do Alimento, realizado pelas organizações Agência Pública, Repórter Brasil e Public Eye.
   Além disso, os índices de ineficiência no controle das perdas do recurso hídrico são altos. Cerca de 40% da água é desperdiçada antes de chegar nas torneiras, por conta de vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Ainda se considerarmos o desperdício nas residências, na hora do banho, na lavagem de louça e na lavagem de calçadas e quintais que, muitas vezes, são “varridos” com água, o percentual é maior.
   Dados do Instituto Trata Brasil apontam que volume total de água não faturada em 2021, o último dado disponível, equivale a quase 8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçadas diariamente. Isso representa mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira, o maior conjunto de reservatórios do Estado de São Paulo. O volume das perdas físicas seria suficiente para abastecer, aproximadamente, 67 milhões de brasileiros em um ano.
   Portanto, é preciso mais empenho do poder público e das companhias de Saneamento Básico para, não só combater as perdas hídricas, a poluição, buscando, efetivamente, a universalização do tratamento de esgoto, mas combatendo a diminuição da cobertura vegetal, que com o crescimento populacional também tem causado a degradação da qualidade da água.

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