Nos últimos anos, os jornais paulistanos deixaram de publicar informações sobre empresas interessadas em instalar o parque industrial no ABC. À primeira vista, é uma informação que vem perdendo espaço na mídia porque a região já não tem mais áreas disponíveis para instalação de unidades fabris, pois os grupos de invasores de áreas e as construtoras da capital tomaram conta dos espaços vazios. Além disso, outros problemas também ajudaram na evasão das indústrias. Durante anos, os sindicatos locais atuaram com forte cobrança no relacionamento com as indústrias, com invasões que danificaram o patrimônio das empresas e também qualquer pro-blema com os trabalhadores já era motivo para declarar greve. Essa vocação autoritária só terminou quando outras presidentes dos sindicatos mudaram o tratamento com as empresas. Uma das empresas que saiu de São Bernardo para outra cidade foi a Brastemp. Outro motivo foi a valorização das áreas onde estavam instaladas as fábricas, com o correr dos anos. Assim, muitas indústrias venderam as áreas onde estavam instaladas por preços altos e se transferiram para outras localidades com preços menores. Com isso, os sindicatos locais também perderam dezenas de empresas que deixaram o ABC e, nos últimos anos, as empresas estão desativando parte de suas linhas de produção e transferindo-as para outras localidades, deixando enormes espaços vazios dentro da fábrica, como é o caso da Volkswagen. Um empresário de São Bernardo, sobre a evasão de empresas, pode ter feito a seguinte previsão sobre o futuro dos sindicatos, principalmente o de São Bernardo, que fez uma bonita reforma em seu prédio: com a saída das empresas, os sindicatos podem ter problema financeiro para manter a sede. Assim, aos poucos, o ABC vai deixando de ser uma área industrial para se transformar em cidades dormitórios. São Caetano, por causa de sua pequena extensão territorial, praticamente, já se transformou em cidade dormitório. Esse problema já era temido pelos prefeitos da cidade nas décadas de 70/80 e, na ocasião, faziam de tudo para evitar mudanças de perfil. Mas, chegou anos depois. Santo André e São Bernardo também caminham para se tornar cidades dormitórios, tal o volume de torres que surgiram nos últimos anos por parte das grandes construtoras da capital. Ainda bem que algumas indústrias, a muito custo, ainda permanecem por aqui. As prefeituras, assim, pagam um alto preço para mantê-la na região. E quando essas indústrias deixarem a região, o ABC pode ganhar um novo slogan para sua atual realidade: Cidade Dormitório.