01 May 2024

Publicado em José Renato Nalini
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Este 2021 atípico, prestes a expirar, marcou a celebração do bicentenário de nascimento de Fiodor Dostoievski. O autor de Escritos da casa morta (1862), também chamado Recordações da Casa dos Mortos, memórias do subsolo, (1864), Crime e Castigo (1866), O idiota (1869), Os demônios (1872), Os irmãos Karamazov (1880), continua atualíssimo.
Um exemplo: o livro Crime e Castigo deixa uma lição explícita e verdadeira: quem transige com a norma uma vez, iniciou o catastrófico trajeto de uma contínua violação, cada vez mais intensa. Por isso é que se não pode aceitar vulneração, ainda que pareça insignificante ou venial.
Na mesma pátria de Dostoievski, o ditador Josef Stalin (1878-1953), nos legaria a preciosa máxima: uma única morte é uma tragédia; um milhão de mortes é mera estatística.
Não é o que acontece quando não se lastima, não se chora, não se pratica o ritual do luto em relação às centenas de milhares de vítimas da Covid19? A cifra parece continuar a crescer, enquanto o negacionismo se mantém inalterável.
Uma serena análise do duplo homicídio narrado em Crime e Castigo e a situação contemporânea, em que as mortes ocorrem de forma incessante, sem que se encontre o culpado, leva a uma indagação: onde foi que a humanidade perdeu a noção de culpa? É impossível identificar o nexo de causalidade entre condutas de agentes públicos e o resultado morte?
Os contemporâneos estão anestesiados, insensíveis à dor alheia?
Parece estar coberto de razão outro personagem de Dostoievski, o Ivan, dos Irmãos Karamazov, quando afirmou: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Deus teria sido banido da consciência coletiva?
Nessa terra árida da insensibilidade, da falta de misericórdia, da ausência de empatia e comiseração quanto aos ceifados da vida por uma peste que poderia ter sido controlada se os governantes dessem ouvido à ciência, é preciso reagir. Tentar um exercício desafiador: semear esperança, para poder encarar com olhos menos angustiados o que ainda virá. E não será pouco, segundo estão cansados de advertir os ambientalistas, ignorados por nossos ouvidos moucos.

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