02 May 2024

Publicado em José Renato Nalini
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Nicolau Maquiavel, o florentino que nasceu em 1469 e faleceu em 1527, foi um diplomata, escritor, estudioso de política e história muito citado, pouco lido e sempre mal interpretado.
Os que realmente o estudam, com propósito científico, chamam de maquiavelianos os seus pensamentos. Enquanto que “maquiavélicos” é uma perversão pejorativa de sua obra. Ele nunca teve o propósito de incitar o governante aos maus hábitos, ou a exercitar a crueldade como hobby. Isso, na verdade, eles não precisam ser ensinados. Nascem assim e se aperfeiçoam nas maldades.
O que leva os homens públicos a agir? O que justifica suas ações?
Atribui-se a Maquiavel ter afirmado coisas como “é importante a um governante ser cruel e não ser bondoso”; “aquele que mente e não é sincero alcança melhores resultados no mundo político”; “os conflitos políticos garantem a conservação dos Estados” e “armar o povo implica em segurança e não um perigo para o poder”.
Dentre as obras de Maquiavel, “A arte da guerra” é uma verdadeiramente atemporal. Ele começa por afirmar que nada é tão diferente entre si como a vida civil e a vida militar: “se alguém quer viver da carreira militar, logo muda não só o modo de vestir, mas também os costumes e os hábitos, muda a voz e no comportamento afasta-se dos usos civis, porque não crê possível vestir-se como civil aquele que quer ser expedito e pronto a qualquer violência”.
Primeiro, ele elogia o militar, que é responsável pela defesa e segurança da Pátria. Alguém muito mais próximo da morte, pois enfrenta perigos e, portanto, mais próximo de Deus. Todavia, as forças militares podem ser totalmente corrompidas, pois perderam o brio antigo e a ética tradicional. Daí surgirem “aquelas sinistras opiniões que fazem com que se odeie a milícia e se evite ter contato com aqueles que a praticam”.
Existe alguma analogia entre a proliferação de cargos civis entregues a militares nesta era? Será que as Forças Armadas, essa reserva moral do Brasil, têm ganho em reputação com esse recrutamento para cargos e funções no âmbito federal?
Soa estranho, pelo menos aos jejunos nas artes militares, que patentes superiores reverenciem patente inferior. Pode-se argumentar com a intenção do governante de ter próximo a si os melhores, os mais experientes, os mais sábios. Mas alguns episódios recentes mostram que nem sempre isso acontece. Os que ousam divergir, por mais competentes sejam, são defenestrados. É a praxe do governo, ou mais uma perversão maquiavélica?

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