03 May 2024

Publicado em José Renato Nalini
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Parece impossível encontrar, na história da humanidade, governantes insuscetíveis de defeitos. É próprio da natureza humana exorbitar quando se tem poder. É nítida a transformação das pessoas, assim que lhes é conferida a prerrogativa da autoridade. Gente simples, humilde, igual, converte-se em modelos escancarados de tirania.
Mas quem procura encontra exceções. Nem sempre são atuais ou recentes. Assim é que um dos imperadores romanos, Marco Aurélio, filho adotivo de Antonino, o Pio, pode ser considerado um governante do bem. Ele era devoto do dever. Contou com os melhores mestres. A moral representava a excelência existencial e a ela devotou sua vida inteira.
Ter bons professores é o suficiente para formar um bom comandante? Não. Docentes adequados podem significar condição necessária, não suficiente. Marco Aurélio teve um mestre muito superior a todos os demais e a quem admirava com veneração: seu pai. “O valor moral do homem está em proporção com a sua faculdade de admirar”, lembra Renan. Como Antonino foi o alvo direto da integral admiração do filho adotivo, este aprendeu, no convívio com o pai, como ser um belo modelo de vida perfeita.
Marco Aurélio não conheceu o que significa inflexibilidade, intolerância e dureza. Era severo apenas com ele próprio. Conheceu, por experiência na Roma de 161 a 180 da era cristã, o que é a perversidade humana. Por isso adotou a prática da benevolência infinita. Em relação aos maus, escreveu: “Corrige-os, se podes; no caso contrário, lembra-te que a benevolência é qualidade com que deves tratar os delinquentes. Os próprios deuses são benévolos com esses seres; ajudam-nos (tanto a bondade é infinita!) a terem saúde, riqueza e glória. Faze como os deuses”.
Uma lição que precisaria ser assimilada por alguns integrantes do sistema Justiça contemporâneo, mais vingadores do que profissionais formados à luz da ciência jurídica, está nesta frase: “O melhor processo de nos vingarmos dos maus é não ser como eles”.
Afinal, o delinquente não deixa de ser humano. E existe um “parentesco sagrado que une cada homem ao gênero humano. Parentesco esse que não é de sangue, nem de nascença, mas compartícipe da mesma inteligência. A alma raciocinante de cada um é um deus, uma derivação do Ser supremo”. Que tal levar esta consciência aos responsáveis pela estrutura carcerária brasileira?

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