05 May 2024


João Gava - 108 Anos - O Jequitibá

Publicado em Luiz José M. Salata
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Nascido no antigo Bairro dos Meninos, atual Rudge Ramos, aos vinte e seis de abril de 1913, João Gava, o Joanin, completará cento e oito anos na próxima segunda-feira. Sem dúvida, um dos homens mais longevos da história da cidade e da colônia italiana. Filho de João Francisco Gava, seu pai filho de italianos, o avô Santo Gava de origem de Veneza, no Veneto; carroceiro, e a mãe, Maria Jamengo Gava, camponesa, foi criado com oito irmãos: Angelo, Elisa, Tereza, Lidia, Olga, Albertina, Mário e Luiz. A família ficou no Bairro dos Meninos e com dez anos de idade mudou-se para a Vila de São Bernardo numa casa situada na Rua Jurubatuba, esquina com a Rua Rio Branco. Logo começou a trabalhar na velha fábrica de móveis de José Pelosini, indicado  pelo vizinho, Antonio Dusi, logo aprendendo na prática o ofício de marceneiro. Trabalhou também nas fábricas de móveis tradicionais da cidade, como dos Corazza, Coppini, Cassetari e outras. Passado algum tempo de serviços prestados como marceneiro, diante da insistência de um amigo aceitou abrir uma loja de eletrodomésticos em São Bernardo, vendia rádio, fogão a carvão, geladeira, ferro de passar roupa e máquina de costura da marca Singer movida à manivela. Contudo, os negócios estavam indo bem, mas com o estouro da segunda guerra mundial entre 1939 e 1945, as importações foram fechadas, principalmente dos rádios cuja mercadoria era a que mais vendia e rapidamente, com os maiores ganhos de dinheiro. Partiu então para o ramo imobiliário, comprando e vendendo lotes de terrenos na cidade de São Bernardo  que estava em franca expansão pós-guerra. Comprava um lote por um conto de réis e vendia por um conto e duzentos, visto a evolução crescente da cidade. Sempre procurou se atualizar pelos contatos, tanto que foi convidado para assistir à inauguração do edifício Martinelli, no centro da capital, em 1929, como também acompanhou a chegada do hidroavião Jahu à represa de Santo Amaro, sendo a primeira aeronave a cruzar o Atlântico Sul, dentre várias outras ocorrências e que nunca faltava. Morou mais de quarenta anos no clube de campo Anchieta, onde montou a sua marcenaria. Foi casado por três vezes, tendo enviuvado das esposas, tendo um único filho, Antonio, da segunda esposa. Com o falecimento da terceira esposa, ficou muito chateado e resolveu mudar de vida, doando os bens móveis para a vizinhança. Então, foi acolhido pela enteada, Guiomar Robles Chiarelli, sua enteada filha da falecida segunda esposa, que lhe acolheu em sua casa na cidade de Santos, um verdadeiro anjo da guarda e que cuida dele com todo o carinho e atenção em todas as suas atividades. Tendo sido antigo morador de São Bernardo durante todo o tempo de vida, sentindo falta das amizades que foi granjeando, se dirige para São Bernardo duas vezes ao mês, sobe a serra de ônibus, sozinho, pois conhece os motoristas de táxi de lá e de cá, os quais lhe servem para as idas nas rodoviárias, com toda a atenção. Uma delas indo para Ribeirão Pires visitar o seu médico geriatra e amigo  de muitos anos, e em São Bernardo na reunião mensal do Centro de Memória da Secretaria de Cultura da Prefeitura do Município, que não falta nunca. Quando reencontra os novos e antigos amigos fica muito feliz, esperando sempre ouvir as novidades. Nas datas do seu aniversário lhe é oferecida uma festa com bolo e doces, quando então transborda de muita alegria como se fosse uma criança. A festa mais concorrida foi quando completou 105 anos, pois foi montada uma exposição das peças que produz como marceneiro, tais como caminhões, carros, monjolos e outras mais para crianças, juntamente com vários documentos antigos de sua vida passada e que guarda com muito carinho. Ao se mudar para a casa de Guiomar, em Santos, chamou os netos que escolheram a mesma sua profissão de marceneiro, e disse para dividirem tudo, máquinas, ferramentas e todos os outros apetrechos próprios da profissão. Mas, reclama arrependido pois alega não ter o que fazer daquilo que praticou a vida toda. Aprecia muito receber a visita de netos, bisnetos e recentemente a tataraneta. Acompanhando atento todas as notícias que lhe são levadas por Guiomar, as mais variadas,  reclamando muito do que a Covid causou no país e no mundo, mas relembra a gripe espanhola, com grande mortandade e outras epidemias ocorridas durante toda a sua vida. Ainda lamenta que, com isso, se vê privado de sair para visitar os amigos e parentes, como antes e sempre. Assim diz, se eu passar por esta, vou chegar aos cento e dez anos de vida.

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