29 Apr 2024


O respiro na falência da Livraria Cultura

Publicado em Luiz José M. Salata
Lido 498 vezes
Avalie este item
(0 votos)

  Tudo pode acontecer na tramitação de um processo judicial à vista do leque de recursos no Código de Processo Civil, no caso pela decretação da falência da Livraria Cultura. Com o consequente fechamento das portas e esvaziamento dos produtos de milhares de livros das prateleiras da loja da Avenida Paulista no Conjunto Nacional. Tal decorreu na semana passada com a decretação da falência da empresa em decisão prolatada pelo Juiz Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho, da 2ª. Vara de Falências e Recuperações Judiciais da Comarca da Capital, o qual sustentou no seu decisório que a empresa não havia cumprido os termos consistentes da Recuperação Judicial, pelos motivos apontados no referido feito. Entretanto, novo alento foi dado à empresa e por assim dizer aos milhares de leitores frequentadores e apreciadores de leitura em todos os níveis, que torciam por uma guinada e reversão do fechamento de tão importante órgão cultural. Pois, foi acolhido recurso interposto pela Livraria Cultura no último dia 15 de fevereiro, perante a 1ª. Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, decidiu favoravelmente à lavra do Relator, Eminente Desembargador José Benedito Franco de Godoy, que foi Juiz Titular da 3ª. Vara Cível desta Comarca de São Bernardo Campo, muito conhecido da família forense que aqui permaneceu muitos anos, onde granjeou. Na sua decisão, sustentou o fato de que, antes de ter sido decretada a falência seria necessário o reexame mais acurado dos termos do processo de falência em todos os seus pormenores e profundo exame técnico da decisão recorrida, prolatada em primeiro grau. Nesse passo, o estabelecimento comercial Livraria Cultura poderá retornar a agir com base na decisão da concessão da Recuperação Judicial, seguindo os critérios e limites da situação jurídica alcançada, mediante as renegociações com os credores e estabelecimentos bancários, promovendo os pagamentos com base na estipulação do processo recuperatório. Assim, naturalmente as prateleiras recheadas  com os milhares de livros poderão, sem tese, terem o retorno para o antigo e monumental berço do Conjunto Nacional na Avenida Paulista. Nada mais justo e cabível com base na festejada decisão judicial, para que o antigo, rápido e flexível sistema de concessão de crédito para aquisição de livros possam retornar para alegria dos seus vorazes leitores e ver novamente plena e cheia de leitores da sede da cultura brasileira, com motivos de satisfação e alegria.  Cabe aqui um comentário do decaimento da frequência e vendas de livros, pois com a evolução dos recursos digitais, talvez os livros tenham pedido a procura dos seus interessados visto que, os computadores abreviaram as consultas, como fazíamos antigamente com as pesquisas nas bibliotecas e com aquisição de livros. Tudo isso se foi com a evolução dos tempos, mas que tudo será possível com a sensação de perda pelo fechamento até que provisório do monstro sagrado da leitura do Conjunto Nacional, com a sua reabertura. A primeira loja que conhecemos aberta há muito tempo atrás, pequena, foi crescendo com a abertura de outra no mesmo piso e após a grande instalação de três pisos onde cabiam muitos leitores de todos os níveis de pensamentos, condições financeiras e intelectuais. São grandes lembranças dos bons tempos e com a torcida com o reencontro com os milhares de livros. Relembrando os primeiros tempos, com a história da Livraria Cultura que se confunde com a evolução dos tempos do Brasil. Tudo começou com o pós-guerra, com a ideia de uma biblioteca circulante por Eva Herz, filha de imigrantes judeus da Alemanha e que fugiu dos nazistas que queimavam livros. Instalou-se no Conjunto Nacional da Avenida Paulista, inicialmente  em uma pequena loja e com o novo sócio, Pedro Herz, seu filho.  A partir daí tudo foi motivo de progresso, servindo a pequena livraria desde os primeiros tempos como ponto de encontro para todos os aficionados no sentido da aspiração principal do sucessor de sua mãe criadora, ter o sucesso do seu maior sonho, a popularização dos livros a todos os leitores, desde os mais carentes e até os mais intelectualizados. Torcemos pelo alcance da sua aspiração e fundamental projeto, ora sedimentado pelo Poder Judiciário, quem sabe tenha concedido o tempo necessário para o arranjo comercial e financeiro visando o reerguimento.    

Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

8 comentários

Deixe um comentário

Make sure you enter the (*) required information where indicated.Basic HTML code is allowed.

Main Menu

Main Menu