O afamado bem antigo e muito festejado Carnaval de Veneza, no Veneto, na Itália, possui uma longa história de ordem dos abastados, pois é uma festa que surgiu no século XI, no ano de1094 e que dura até hoje, com muitas características próprias. A celebração no período de dez dias, neste ano de 2023, de quatro a vinte e um de fevereiro, reúne turistas do mundo todo nos arredores da Praça São Marcos, ainda que seja época de frio, e que dura cerca de dez dias e tem costumes bem particulares, diferentes de outros Carnavais no resto do mundo. Geralmente, as comemorações desse tipo nascem da mobilização popular, mas o Carnaval de Veneza surgiu como um ritual da elite muito separada e próspera na época. Apesar disso, o Carnaval também é marcado por uma importante característica: é dedicado ao prazer dos sentidos.
O Carnaval de Veneza foi instituído no mesmo ano da consagração da Basílica de São Marcos, 1094, pelo doge Vitale Falier, o dirigente máximo da República de Veneza, que vinha de uma das famílias mais poderosas de lá e propôs uma festa antes do início da quaresma. Com isso, no ano de 1296, o Carnaval de Veneza foi oficializado pelo Senado Veneziano que consistia em uma festança declarando o último dia antes da quaresma.
Dentre as tradições que mais se tornaram notórias no já muito conhecido Carnaval, fica destacado o uso de máscaras, quando a população poderia participar de um período de jogos, brincadeiras e diversão em público. Tal costume do uso de máscaras ficou tradicionalmente conhecido, pois através delas era possível os foliões abandonarem as suas identidades e assim participando dos festejos carnavalescos no anonimato, sem medo de serem reconhecidos.
Além da máscara, também eram usadas vestimentas como espécie de capas para homens chamadas de baúta, e as mulheres a moretta, uma máscara preta de veludo de forma ovalada. Além disso, os homens vestiam uma máscara branca triangular que escondia o rosto, mas tinha uma pequena abertura que alterava o tom de voz de quem usava. A máscara das mulheres, entretanto, era fixada com um botão que ficava dentro da boca, o que impedia que elas falassem. No fim do século XI, o Carnaval de Veneza era tão popular que chegava a durar seis meses, quando sendo tão comum usar máscaras na cidade, que foram criadas leis para regulamentar o uso. As máscaras apesar de repercutirem negativamente em algumas ocasiões, através do uso delas para roubos e outros delitos, ao contrário provocavam outros momentos, inclusive sendo obrigatórias nas sessões de teatros que também ocorriam na época do Carnaval.
Mas também, contribuíram para ocultar os casos de adultérios, servindo as máscaras como disfarces, pois as partes ficavam liberadas para os seus encontros. Na realidade, com o período do Carnaval os venezianos e foliões de então tinham o intuito da libertação de toda a seriedade daqueles que não dispunham de vida privada e ensejando alegria para aqueles que assim portando máscaras poderiam extravasar os seus instintos de foliões. Desta forma, existia a possibilidade para aqueles que viviam contidos e com comportamento sério, se libertarem nos comportamentos assumindo a folia. Por vários motivos, enfim as máscaras foram proibidas no inicio do século XVII.
Existiam muitas brincadeiras, como a formação de pirâmides humanas, diferentes tipos decorridas, competições entre os acrobatas da região, e outros atrativos como mímicas, musicais e diversas outras formas de artes pelos artistas das mais diversas origens. Também existia uma brincadeira chamada de mattaccino, com a característica de jogar ovos nas mulheres através de um estilingue, porém ao invés de gemas, os ovos eram esvaziados e preenchidos com água na cor rosa.
Anteriormente, os romanos faziam algo parecido nos dias Saturnali, durante festivais para o deus Saturno. Nessas festas, havia banquetes, sacrifícios e subversão dos papéis, quando escravos tomavam o lugar dos patrões, sempre como uso de máscaras para não demonstrar a identidade pessoal. Com a chegada de Napoleão em Veneza, uma transformação profunda tomou conta da cidade, e entre as mudanças, foi decretado o fim do carnaval, em 1797, com permissão apenas para festas em ambientes particulares e nas ilhas de Murano, Burano e Torcello.
Ainda que não tenha retornado ao status oficial, desde a década de 1980, a festa tem sido resgatada pelo governo local, visando buscar o brilho e as tradições de tão memorável festa popular a nível mundial. Além disso, os homens vestiam uma máscara branca triangular que escondia o rosto, mas tinha uma pequena abertura que alterava o tom de voz de quem usava. A máscara das mu-lheres, entretanto, era fixada com um botão que ficava dentro da boca, o que impedia que elas falassem.
No fim do século XI, o Carnaval de Veneza era tão popular que chegava a durar seis meses, quando sendo tão comum usar máscaras na cidade, foram criadas leis para regulamentar o uso. Atualmente, o uso de máscaras e figurinos no carnaval voltou a ser intenso. Os trajes tentam reproduzir o estilo dos nobres dos séculos XVII e XVIII. Além disso, personagens da Commedia Dell’Arte até hoje cultuados, como pierrôs, colombinas e arlequins, são extremamente populares. Atualmente o Carnaval de Veneza conta com uma comemoração que atrai pessoas do mundo inteiro. Além disso, a cada ano, um tema é escolhido para salientar a festa, dando mais alegria e tradição para aqueles que participam.
A festa também é feita com o intuito de apreciar o passado, mostrando artesanatos contemporâneos que valorizam cada época vivida. Cada detalhe da festa é criado pensando na riqueza do evento, transformando tudo como se fosse um verdadeiro baile, com trajes especiais, perucas, maquiagem e máscaras. Apesar de não ter muito a ver com o carnaval do Brasil no quesito danças, blocos e afins, o carnaval de Veneza leva consigo grandes comemorações, todas marcadas pela tradição e história do local.