29 Apr 2024

Publicado em Luiz José M. Salata
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Prosseguindo com as lembranças do grande Ruy, a partir de 1892, com a perseguição imposta pelo então Presidente Floriano Peixoto, com ameaça de morte, por defender através da propositura de Habeas Corpus perante o Supremo Tribunal Federal, como patrono voluntário em favor dos desterrados de Cucuí, sofreu impedimentos de toda ordem moral e política. Em 7 de fevereiro de 1893, volta à Bahia para um encontro consagrador com Manuel Vitorino, ocasião em que fala de sua terra, com o verso: - Ninho onde cantou Castro Alves, verde ninho murmuroso de eterna poesia. No mês de setembro do mesmo ano, com a eclosão da Revolta, refugia-se na Legação do Chile e, diante da continuação das ameaças de morte, exila-se em Buenos Aires.
Em 1º de março de 1894, é candidato a Presidente da República, obtendo o quarto lugar. Continuando no exílio, no ano seguinte, viaja a Londres, de onde escreve as Cartas da Inglaterra para o Jornal do Commercio, a partir de 7 de janeiro de 1895. No ano seguinte, produz textos a serviço dos insurrectos de 1893, quando escreve na imprensa: E jornalista é que nasci, jornalista é que eu sou, de jornalista não me hão de demitir enquanto houver imprensa, e a imprensa for livre. No ano de 1897, recusa convite para ser Ministro Plenipotenciário do Brasil na Questão da Guiana, feito por Manuel Vitorino, já então Vice-presidente do governo de Prudente de Morais, quando critica a intervenção militar em Canudos. Atendendo aos colegas intelectuais tornou-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras, recebendo de Joaquim Nabuco a seguinte citação, no livro Minha Formação: "Ruy Barbosa, hoje a mais poderosa máquina cerebral do nosso país". Em 3 de abril de 1902, publica parecer crítico ao projeto do Código Civil.
No último dia daquele ano, lança réplica às observações feitas pelo filólogo Ernesto Carneiro Ribeiro, seu antigo mestre na Bahia. A tréplica de Carneiro só veio a público em 1923. Foi a maior polêmica filológica da Língua Portuguesa. Em 1905, chegou a se candidatar à Presidência, porém retirou sua candidatura para apoiar a de Afonso Pena. Em junho de 1907, Ruy vai à Conferência de Haia atendendo ao convite do então Ministro das Relações Exteriores, Barão do Rio Branco, quando ocorreu a sua consagração mundial. Ficou marcada a atuação das duas maiores forças pessoais da conferência que foram o Barão Marschall da Alemanha, e o Dr. Ruy Barbosa, do Brasil.
Na ocasião, foi discutida a criação de uma Corte de Justiça Internacional permanente, da qual participariam apenas as grandes potências - Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, com a proposta de criar um Tribunal de Arbitramento. Ruy Barbosa não se intimidou com a proposta, pois enfrentou os defensores daquela proposta e argumentou em seu discurso, que selecionar para aquele Tribunal, países com maior poderio militar, iria estimular uma corrida armamentista, e o curso político mundial seria direcionado para a guerra, o que contrariaria os objetivos daquela Conferência de Paz. Ruy foi além, pois ainda defendeu a tese de que, ante a ordem jurídica internacional, todas as nações são iguais e soberanas.
A imprensa internacional destacou a brilhante atuação do jurista, homem franzino, de pouco mais de um metro e meio de altura, cuja brilhante participação na Conferência fomentou a imaginação popular no Brasil, onde foi transformado em uma espécie de herói imbatível. Para esta missão diplomática, o Barão do Rio Branco queria levar Joaquim Nabuco, na época Embaixador em Washington, no entanto a imprensa se manifestava pela escolha de Ruy Barbosa. Então, o Barão do Rio Branco sugeriu que os dois formassem a delegação, que chamou de delegação das águias, em referência ao Ministério das Águias – 21º Gabinete Conservador de Pedro de Araújo Lima, Marquês de Olinda.
Assim foi chamado por Joaquim Nabuco em virtude da experiência dos ministros que o compuseram. Joaquim Nabuco então não aceitou o convite e Ruy, depois de sua histórica atuação, passou à história como o Águia de Haia. Em 21 de outubro de 1908, discursa, em francês, na Academia Brasileira de Letras, em recepção a Anatole France. Já em 1911, retorna ao Diário de Notícias, e nesse período, ao responder à carta de um correligionário civilista, em outubro de 1911, escreve uma das mais importantes obras sobre deontologia jurídica: O Dever do Advogado. Para a eleição de 1º de março de 1910, integra com o Presidente de São Paulo, Albuquerque Lins, a chapa dos candidatos da soberania popular, na Campanha Civilista, sendo Ruy candidato a Presidente da República e Albuquerque Lins a vice-presidente. O país se dividiu: Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro e parte de Minas Gerais apoiaram o candidato Ruy Barbosa; os demais estados, a candidatura de Hermes da Fonseca, que tinha Venceslau Brás como seu vice, que venceram o pleito.
Em 1913, inicia sua terceira candidatura à Presidência pela Convenção Nacional do Partido Republicano Liberal, e na iminência de perder para Venceslau Brás, lança em dezembro o Manifesto à Nação, renunciando à candidatura. Em novembro daquele mesmo ano, o Instituto dos Advogados Brasileiros o elegeria Presidente daquela entidade, da qual era membro desde 1911. Seu mandato foi renovado também para o ano de 1915. Em 1917 foi agraciado com o título de Presidente Honorário daquela instituição. Ao receber o título de professor honoris causa da Faculdade de Direito e Ciências Sociais de Buenos Aires, em 14 de julho, protesta – a propósito da Primeira Guerra Mundial, em curso na Europa – contra a postura dos países neutros diante das atrocidades do conflito.
(Continua).

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