29 Apr 2024

Publicado em Luiz José M. Salata
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Relembrando a vida de Ruy em favor da pátria, mercê de suas ideias aplicadas no direito, nas letras e atuação em favor dos desfavorecidos, podemos compará-lo a Benjamin Constant que foi o fundador da República, assim como Deodoro da Fonseca o seu proclamador e a Ruy Barbosa como o grande construtor. Na política internacional, no seu discurso intitulado O Dever dos Neutros, defendeu o princípio de que neutralidade não pode ser confundida com indiferença e impassibilidade, apoiando firmemente a causa dos aliados, na Primeira Guerra Mundial. Segundo ele a invasão da Bélgica pelos alemães, em agosto de 1914, representava o revés das conquistas alcançadas na Conferência da Paz em Haia, em 1907, tão defendidas por ele. A repercussão do seu discurso teve repercussão internacional, e suas teses provocaram mudanças drásticas na política externa do Brasil, que nesse tempo se manteve neutro na 1ª. Guerra Mundial. No ano de 1917, Ruy participou de comícios e manifestações contra a agressão aos navios da marinha mercante brasileira. Por isso, foi convocado pelo Presidente da República Venceslau Brás, para participar da reunião em que foi revogado o decreto de neutralidade do Brasil no conflito, em 10 de junho de 1917.
Vale relembrar que o Presidente da Argentina, Victorino de la Plaza, após o banquete que lhe ofereceu, Ruy afirmou: Já disse aos meus ministros que, aqui, o Sr. Ruy Barbosa, com credenciais ou sem elas, será considerado sempre o mais legítimo representante do Brasil. Em 1917, colabora no projeto da Tradução Brasileira, importante criação de proteção às relações com outros países no sentido de formalização das regras internacionais. Durante o Jubileu Cívico ocorrido em 1918, das mãos do Ministro da França, Paul Claudel, foi lhe entregue as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra. Concorrendo em 13 de abril de 1919, pela quarta e última vez à Presidência da República, e, como anteriormente, contra a sua vontade, perde as eleições para o paraibano Epitácio Pessoa.
Considerando por assimilar que os princípios pelos quais lutara e que consagraram a sua vida, estavam sendo relegados pela situação política na época, com a intervenção militar de Epitácio, Ruy Barbosa considerava-se um corpo estranho na política e, em 10 de março de 1921, renunciou ao cargo de Senador. Já com problemas de saúde, não comparece à solenidade de colação de grau dos formandos de 1920 da Faculdade de Direito de São Paulo, onde havia se formado cinquenta anos antes, solenidade em que seria paraninfo da turma. Para a cerimônia, que aconteceu no dia 29 de março de 1921, havia preparado um discurso chamado Oração aos Moços, que foi lido pelo professor Reinaldo Porchat, obra de grande repercussão entre a classe dos advogados, como também dos leitores brasileiros. Nessa famosa peça Ruy destacou a missão dos advogados e membros da magistratura para a aplicação de uma verdadeira justiça. O afastamento de Ruy Barbosa do Senado não durou muito tempo, pois aceitando a indicação de José Joaquim Seabra, então governador da Bahia, apresenta-se como candidato único ao Senado por seu estado, sendo reeleito em junho de 1921, reassumindo a cadeira em 29 de julho, reiniciando sua luta pela revisão constitucional, Em julho de 1922, sofre um grave edema pulmonar, com iminência de morte, e meses depois, em fevereiro de 1923, sofre uma paralisia bulbar, quando Ruy disse a seu médico: Doutor, não há mais nada a fazer. Faleceu no dia 1º de março de 1923, em Petrópolis, à tarde, aos 73 anos de idade e tendo como últimas palavras as seguintes: Deus, tende compaixão de meus padecimentos. Foi sepultado em um grande mausoléu familiar, no Cemitério de São João Batista, com velório de grandes proporções de comparecimentos de muitas personalidades nacionais, onde repousou até 1949, pois nas comemorações de seu centenário de nascimento, seus restos mortais foram exumados e trasladados para a cidade de Salvador, onde se encontram até hoje. Em 7 de junho de 1923, foi agraciado a título póstumo com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada de Portugal. Casou-se em 23 de novembro de 1876, em Salvador, com Maria Augusta Viana Bandeira, com quem tiveram os filhos: Maria Adélia, Alfredo Rui, Francisca, João e Maria Luisa Vitória O legado de Ruy Barbosa se inscreve na história do Brasil, como um dos pilares da nação pois na feitura da Constituição de 1891, considerada um dos seus grandes serviços prestados à pátria. Com a criação do Supremo Tribunal Federal no seu papel de guarda da Constituição, sempre sustentando que os seus membros têm o direito-dever de contenção dos atos usurpadores praticados pelos membros do governo e do congresso, mediante a afirmação da lei das leis, que está acima da legislação ordinária. Promoveu a separação da Igreja e do Estado e a laicidade consagrada na Constituição de então.
Ruy Barbosa foi um dos mais notáveis oradores da história do Brasil, pois soube como poucos utilizar a tribuna do Senado e do Judiciário para advogar as suas causas, quando praticou verdadeiras aulas de política e justiça. Fica marcado para sempre o discurso proferido por Ruy, no Senado Federal em 14 de dezembro de 1914, quando assim se expressou: De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. “De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. O teor dessa obra prima vigora até os dias atuais. Derradeiramente, cabe destacar a obra “Ode à Imprensa Livre, definindo o jornalista como um político do povo, igualando-se a si próprio, como zelador da nação, um dos seus olhos, um dos seus ouvidos, a sua boca e até o seu nariz, pois, afinal, é pela imprensa honesta que a nação respira. De todas as tribunas que escolheu para pregar as suas ideias, a imprensa foi a vocação da primeira hora. Por ela, começou a sua vida, por ela lutou, viveu, sofreu, triunfou. Assim, impondo a sua declaração impôs a sua verdadeira convicção: De todas as liberdades, a da imprensa é a mais necessária, porque, conspícua, sobranceia as demais, representando todas elas, acudindo-as e defendendo-as.
Deixai a imprensa com os seus vícios e defeitos, que encontrarão corretivos nas suas virtudes e qualidades. A imprensa é o meio de correspondência entre o Congresso e a Nação. Se ela for eliminada, estará condenada a nação a uma atmosfera de calabouço. Removei a imprensa nada mais haverá. Reinarão o pavor, o arbítrio, a vingança, a força, a imoralidade, a vergonha, a miséria, os aventureiros e corruptos”. Sem dúvida alguma tal peça tem de ser diariamente pregada, pois no decorrer dos tempos serve para atualização dos comportamentos da imprensa brasileira.

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