01 May 2024


Os Museus do Vaticano o teto da Capela Sistina (II)

Publicado em Luiz José M. Salata
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Dentre as obras mais marcantes dos Museus do Vaticano, localizados no Palácio Apostólico, destacam-se entre outras a Capela Sistina, que foi construída entre os anos de 1477 e 1480, por ideia do Papa Sisto IV. Especificamente, o Teto da Capela Sistina se constitui pela pintura de um afresco idealizado por Michelangelo, entre os anos de 1508 e 1512, a pedido do Papa Júlio II, cuja obra considerada não só um marco da pintura da Alta Renascença, mas também uma das mais famosas obras da história da arte, como também sendo um dos maiores tesouros da Santa Sé. Foi Júlio II, ainda, que iniciou a reconstrução da Basílica de São Pedro, em 1506, pelo fato de ter dado forma do mais imponente símbolo de sua supremacia.
Nesse mesmo ano, o Sumo Pontífice concebeu um planejamento para a execução de uma pintura no teto da Capela Sistina. Michelangelo, por considerar-se mais um escultor que pintor, relutou em aceitar o trabalho. Ele, ainda, mostrava-se atarefado com uma grande encomenda escultural para a tumba do papa. Este, no entanto, foi insistente, deixando o artesão sem escolha. Uma guerra com a França, entretanto, iniciou-se, dividindo a atenção do sumo pontífice e dando oportunidade a Michelangelo de voltar a Roma para esculpir. As esculturas de tumba, porém, nunca foram finalizadas, em decorrência do retorno vitorioso de Júlio II, em 1508, e seu chamamento para que o artista desse início aos trabalhos.
O contrato para a feitura dos afrescos no teto foi assinado em 10 de maio de 1508. O plano proposto pelo Papa Julio II previa doze grandes representações dos apóstolos nos pendículos. Entretanto, Michelangelo negociou a feitura de um plano maior, mais complexo, vindo posteriormente a receber autorização para, em suas próprias palavras, "fazer como eu gostaria". A esquemática pretendida pelo artista chegou eventualmente a ser composta por cerca de trezentas figuras e levou quatro anos para ser executada, com término em 1512. Ditas feituras dos trabalhos foram muito questionadas entre historiadores da arte acerca da possibilidade da obra ter sido, de fato, em conteúdo, fruto do planejamento e da vontade de Michelangelo.
Pelas anotações de Egídio de Viterbo que foi o suposto responsável pela consultoria em relação aos conhecimentos de teologia necessários para a criação da obra, todavia muitos escritores descrevem Michelangelo como tendo o intelecto, o conhecimento bíblico e o poder inventivo para ter idealizado o plano sozinho. Tal ideia foi apoiada pela afirmação de Ascanio Condivi de que Michelangelo leu e releu o Ve-lho Testamento no período de pintura o teto, buscando inspiração nas palavras das escrituras, em vez deixar-se influenciar pelas tradições da arte sacra, sendo a totalidade da obra composta por 343 figuras.
No caso, verifica-se que as paredes da construção já haviam sido decoradas vinte anos antes, com o mais baixo dos três níveis pintado para lembrar cortinas drapeadas, até hoje cobertas com as tapeçarias de Rafael em ocasiões especiais; o nível médio contendo um complexo plano de afrescos que ilustram a vida de Jesus no lado direito e a de Moisés no esquerdo; e o nível superior das paredes sendo composto, entre as janelas, por pares de ídolos que representam os primeiros 32 Papas. A decoração do espaço como um todo foi criada por muitos dos mais renomados pintores da renascença, entre eles Botticelli, Ghirlandaio, Perugino, Pinturicchio, Luca Signorelli e Cosimo Rosselli. Matteo d’Amelia elaborou um esquema que indicou que o teto anterior aos famosos afrescos foi executado na tonalidade azulada característica da Cappella degli Scrovegni, além de decorado com estrelas douradas que possivelmente teriam como função representar as constelações zodiacais.
Em decorrência do lugar ter sido o ponto de encontro regular de um corpo de elite conhecido como Capela Papal, é provável o Papa Júlio II tenha intencionado a iconografia do teto enquanto dotada de múltiplas possibilidades de sentido, para ser observada e interpretada dentro de uma grande significância teológica e temporal. Anote-se que os vários vários elementos pintados no teto da capela são parte de um plano maior de decoração, o qual inclui outro grande afresco, a pintura do Juizo Final. Dita grandiosa obra, na parede do altar do santuário, também obra de Michelangelo, além de outras pinturas de parede feitas por vários importantes artistas do final do século XV, como Sandro Botticelli, Domenico Ghirlandaio e Pietro Perugino, e tapeçarias de Rafael, cujo conjunto ilustra diversas passagens da Bíblia e da doutrina católica. No centro do teto, encontram-se nove cenas do Gênesis, dentre as quais A Criação de Adão, considerada a mais famosa, tendo uma representatividade icônica igualada somente pela Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Trata-se do símbolo da influência desse painel do afresco, cujo detalhe do encontro das mãos de Deus e Adão, que é reproduzido incontáveis vezes na arte e na cultura popular.
O detalhe das obras constítuidas pelo grupo de desenhos inclui vários conjuntos de figura humana, tanto vestida quanto desnuda, que permitiram a Michelangelo demonstrar plenamente sua habilidade de criação em grande variedade de composições, além de terem inspirado gerações de artistas desde então. Vale relembrar que o Papa Júlio II, apelidado de "Papa guerreiro", tornou-se conhecido por sua agressiva campanha por controle político, união e conquista de poderio na Itália sob a liderança da Igreja, pelo fato de que investia em simbolismos para demonstrar sua soberania, como por meio de procissões e desfiles em carruagens após as vitórias militares.
Com a evolução do mundo moderno e o avanço do sistema tecnológico será permitido aos membros da colônia italiana e ao público em geral a visualização de toda essa grandiosa obra no Museu da Imagem e do Som MIS, à Rua Cenio Sbrighi, nº 250 – Água Branca, na Capital, cuja visita nessa exposição somente mediante consulta através do site: michelangelocapelasistina.com.br/sao-paulo para aquisição dos ingressos com necessidade de agendamento obrigatório. O signatário ítalo-brasileiro muito apreciador da longa história da Itália, entre tantas outras menções de obras e personagens do Bel Paese - um museu a céu aberto para o mundo - conclama a todos os apreciadores da cultura para conhecimento da maior exposição imersiva já realizada no Brasil, até o próximo dia 31 de maio do corrente. (Continua).

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