Em latim, Corpus Christi significa no calendário das festividades religiosas da Igreja Católica a celebração da ressurreição de Cristo. Acontece sempre em uma quinta-feira, sem data fixa, em memória da última ceia, nos sessenta dias após o domingo de Páscoa, sempre depois do domingo da Santíssima Trindade. Segundo a tradição, significa Corpo de Cristo ou Corpo de Deus, quando Jesus Cristo na véspera de sua crucificação, reunindo-se com os Apóstolos institui a Eucaristia.
Assim celebra o milagre da transubstanciação, quando Jesus Cristo transforma o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue, partilhando com os discípulos na última ceia, antes de ser crucificado. No versículo São Mateus 26:26 da Bíblia, mostra exatamente como foi o último momento de Jesus Cristo com seus discípulos. “E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu e dando graças, deu-lhe o, dizendo. Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.”
Relembrando a história, diz a tradição que, até o século XIII a festa não existia, tendo começado a ser comemorada em Liège, na Bélgica, nas visões da freira agostiniana Juliana de Mont Cornillon (1193-1258), que via Jesus pedindo uma festa para a igreja celebrar a Eucaristia.
Então, ditas visões tendo sido relatadas ao Padre Thiago Pantaleão, que veio a se tornar o Papa Urbano IV, em 1261. Desse modo, foi instituída após o milagre ocorrido em Balsena, regione do Lázio, na Itália, quando de uma hóstia teria escorrido sangue durante a Eucaristia, no tempo desse papado. E assim, tal data foi instituída através de um decreto assinado pelo próprio Papa Urbano IV, no dia 11 de agosto de 1264, oficializando o evento.
Mas, foi só no século XIV que o Papa Clemente V, intercedeu para que a celebração ganhasse caráter universal. Aos poucos a festa foi se popularizando entre os países adeptos no catolicismo até a chegada ao Brasil, através da influência portuguesa. Com isso, ficam relembrados os tradicionais tapetes de sal que remetem ao momento em que Jesus Cristo entrou triunfalmente em Jerusalém.
O povo ia jogando ramos pelas ruas, formando quase um tapete para a sua passagem. O que ensejou da mesma forma quando nos dias atuais e em mais variados locais os católicos fazem esta homenagem à passagem dele, através de procissões enfeitando as ruas e elaborando nas vias os tapetes até de maneira ornamental. Apesar do nome tapetes de sal, mas no tempo não são mais feitos apenas de sal, mas de outros materiais, como serragem e derivados.
É o que acontece na cidade de Matão, na região araraquarense, cujo início se deu pelas famílias que residiam ao redor da paróquia e assim decidiram com o padre enfeitar a passagem da procissão. Nesta data, o famoso evento comemora os 75 anos desta tradição na cidade, desde 1948, misturando as atividades religiosas e culturais através dos tapetes artísticos coloridos muito famosos em todo o país. Para confeccionar os tapetes os fiéis usam materiais descartáveis ou aqueles que podem ser recicláveis, como a casca de ovo, dolomita, borra de café, o pó de arroz, a palha de trigo, terra, areia colorida, tinta para palha e sal.
Além disso, ainda usam alimentos, casados e cobertores, os quais depois da celebração, são doados aos necessitados. Cabe ressaltar que, só quem passa por cima dos tapetes é o Cristo Eucarístico, no ostensório. Trata-se, portanto, de um conjunto de diferenciadas obras de arte, dignas de serem apreciadas na data comemorativa de Corpus Christi, no caso na cidade de Matão, famosa pelo evento e pela hospitalidade.