O Programa de Proteção ao Emprego (PPE) foi lançado à quase um ano e São Bernardo é o destino de quase metade dos recursos até então destinados à iniciativa, R$ 70,3 milhões. Entre agosto e junho deste ano, empresas de 56 municípios aderiram ao programa de redução de jornada com diminuição proporcional de salários. A iniciativa, que era para tentar frear o ritmo acelerado de demissões no país, conta com o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para cobrir até metade do corte na remuneração dos funcionários. Numa reunião com Ronaldo Nogueira, ministro do Trabalho, Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, pediu um aumento dessa participação para 75% do corte das remunerações. Dos R$ 156,8 milhões que o FAT pagará aos funcionários incluídos no programa até junho, 74,9% ficarão em São Paulo e 65,9%, no setor automotivo. Apesar de concentrar 44,7% dos recursos, São Bernardo soma 33,8% dos funcionários participantes, 19,5 mil. Estão distribuídos entre dez empresas, incluindo Mercedes-Benz, Volkswagen e Ford. As três montadoras somam R$ 68,2 milhões em benefícios. A Mercedes era participante do programa até maio, pois tem excedente de mais de 2 mil funcionários na unidade, que soma 10 mil empregados, e realiza demissões desde a semana passada, o que o sindicato tenta reverter.

MERCEDES FAZ ACORDO
A Mercedes-Benz suspendeu o processo de demissões que promovia desde a semana passada na fábrica de São Bernardo, que poderia atingir o excedente de mais de 2 mil funcionários na unidade, que soma 10 mil trabalhadores. A companhia acordou em abrir um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV) e os trabalhadores abriram mão do reajuste salarial do próximo ano. A empresa quer obter pelo menos 1,4 mil adesões ao PDV e, assim, oferece valor fixo de R$ 100 mil a quem se voluntariar, independentemente do tempo de casa e da idade do funcionário. O acordo foi fechado por 60% dos trabalhadores com até 12 anos de casa.