26 Apr 2024


A velha e ‘boa’ política

Publicado em Editorial
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No Brasil, com a população totalmente desacreditada e desesperançosa com a política, nas últimas eleições, ganhou força e ficou “na moda” entre os políticos erguer a bandeira da nova política, anunciando “novas” medidas e desdenhando da velha política, da qual muitos foram eleitos e cumpriram seus mandatos até então.
O discurso da “nova política” é perfeito: austeridade fiscal, combate aos privilégios, desaparelhamento do Estado, corte de cargos comissionados, combate a corrupção, defesa da “Ficha Limpa”, fim do famoso ‘toma lá, da cá’, união em prol do País, acima das diferenças partidárias, etc. Então, muitos parlamentares que disputaram a reeleição, junto aos novos aspirantes a políticos, utilizaram, praticamente, esse mesmo discurso para vencer as eleições de 2018.
A população, descrente de tudo, acabou achando que essa talvez fosse a última esperança, para acreditar em mudança e que, enfim, o Brasil, considerado desde sempre o “País do futuro”, pudesse emergir da lama da corrupção e da vergonha que estava submerso até o pescoço.
Os resultados pareciam promissores, milhares de políticos foram eleitos por movimentos de renovação. O índice de renovação na Câmara dos Deputados, na última eleição, foi de 47,37%, segundo cálculo da Secretaria-Geral da Mesa (SGM). Em números proporcionais, é a maior renovação desde a eleição da Assembleia Constituinte, em 1986. Foram eleitos 243 deputados “novos” (de primeiro mandato) e reeleitos 251 deputados, de um total de 444 candidatos à reeleição. No Senado, o quadro se desenhou ainda mais promissor. O índice de renovação no Senado foi de 87%; 46 dos 54 eleitos são novatos. Apenas 8 dos 32 que tentavam a reeleição obtiveram êxito nas urnas.
E, muitos deles, chegaram ainda por meio de “novos partidos”, ou melhor, movimentos, palavra da vez para os “novos políticos”. Segundo pesquisa do jornal O Estado de S.Paulo, nos últimos dez anos, cinco dos dez maiores partidos do Congresso já mudaram ou estudam mudar de nome. Trata-se de uma tentativa de fazer o eleitor esquecer os escândalos de corrupção que envolveram essas legendas. Do total de partidos que há no País, 109; 74 estão em formação, sendo que 20 deles optaram por nomes com ‘cara de movimento’; e dos 35 já registrados no TSE, 1 pretende mudar de nome, o PSDB; e outros 5 mudaram ou pretendem mudar: PPS- Cidadania; PTN- Podemos; PtdoB- Avante; PMDB- MDB e PRB-Republicanos.
Mas, 2019 começou há quase seis meses, com os políticos da “nova política” e o que de fato mudou? A política nacional continua um caos, não conseguiram, nem aprovar ainda a Reforma da Previdência, que virou uma verdadeira guerra entre gregos e troianos. E, se não for aprovada logo, irá sufocar todos os brasileiros, até o último suspiro.
Para alguns antigos parlamentares, a “nova política” de fato, não existe. “Isso é uma coisa que não corresponde à realidade. São os filhos, netos, sobrinhos, apaniguados dos caciques da política tradicional, na sua expressão mais perversa, de fechamento da possibilidade de exercício do poder pelos líderes populares”, disse a deputada federal Luiza Erundina, em entrevista à Folha de S.Paulo. Já o presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia, afirmou, em entrevista à Isto É, que “não sei o que é velha ou nova política. Acho que a política fez muitas coisas boas. Teve o Plano Real do presidente Fernando Henrique, do presidente Itamar Franco, feito com o Congresso Nacional. A política também fez várias coisas erradas com o Lula na Petrobras. Então, não tem velha e nova política. Tem política boa e política errada”. Então, cabe aos brasileiros, brincar o jogo do certo ou errado e continuar na ilusão, acreditando que, um dia, os políticos irão enxergar além do interesse imediato da própria base eleitoral.

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