A disputa comercial entre China, Estados Unidos e Europa e a incerteza em torno das eleições presidenciais do Brasil, em outubro próximo, fizeram economistas avaliarem que ainda há espaço para a moeda americana se valorizar ainda mais. Segundo a professora de economia da FECAP - Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, Juliana Inhasz, a taxa de câmbio continuará um movimento de elevação por um bom tempo ainda, pois há muita incerteza no futuro da economia brasileira. Confira a entrevista exclusiva:

Folha do ABC- Quais os motivos que levarão a moeda americana a ficar ainda mais cara depois das eleições?

Juliana Inhasz- As projeções de que o dólar ficará mais caro na economia brasileira leva em consideração o fato de que há muita incerteza no que diz respeito ao futuro da economia brasileira. Caso tenhamos um presidente eleito que não corresponda às expectativas de mercado quanto à continuidade das políticas de austeridade fiscal (ainda pouco aplicadas), o país poderá perder muito capital externo que até então estava aplicado aqui, o que faria com que o dólar ficasse mais caro. Também não podemos esquecer a instabilidade que existe no ambiente externo. A incerteza frente ao futuro da oferta de petróleo tem deixado o mercado extremamente volátil, o que tem feito com que os investidores busque alternativas para obter retorno com risco mais baixo ou controlado. Este fato junto ao aumento da taxa de juros americana já tem feito com que parte do capital externo aqui investido comece a migrar para a economia americana. Se esses elementos se intensificarem, fica relativamente evidente o efeito sobre a valorização do dólar frente ao real.

Folha- Qual o patamar que o dólar chegará com essa valorização?

Juliana- É muito difícil responder essa pergunta pois, o valor do dólar depende de inúmeros elementos que não só o ambiente doméstico ou algumas poucas relações do ambiente externo. Há estudos que apontam a taxa na casa dos R$5,00.  No entanto, o que parece certo é que a taxa de câmbio continuará um movimento de elevação por um bom tempo ainda.