05 May 2024


Aos 65 anos, Scania quer reduzir em 50% a emissão de gases

Publicado em Negócios
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A Scania completa 65 anos no Brasil. Em 1957, quando chegou ao País, os veículos vinham desmontados da Suécia e ficavam sob responsabilidade da Vemag, marca que os comercializava em São Paulo. Em sua trajetória, a montadora passou por uma jornada de evolução. Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania Latin America, em entrevista exclusiva à Folha, comentou sobre as principais mudanças ao logo dos 65 anos, o futuro do transporte rodoviário, a importância da fábrica de São Bernardo e a meta de reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa das operações industriais e comerciais do grupo.

Folha do ABC- A Scania completa 65 anos. Desde a chegada da Scania no país, primeiramente em São Paulo, no bairro do Ipiranga, quais foram as principais mudanças e desafios enfrentados?

Christopher Podgorski- A história da Scania no Brasil começou em 1957, quando a empresa ainda carregava o nome Scania-Vabis do Brasil S/A. Os veículos vinham desmontados da Suécia e ficavam sob responsabilidade da Vemag, marca que os comercializava em São Paulo. Naquele ano, foram comercializados 162 veículos e a empresa tinha 500 colaboradores. A partir da década de 1960, a Scania passou a produzir integralmente seus caminhões e ônibus na fábrica inaugurada em 1962 em São Bernardo do Campo/SP, polo da industrialização nacional. À época, passamos a contar com 1.500 colaboradores e capacidade anual de produção de 815 veículos. Atualmente, somos 4.800 colaboradores e nossa produção anual chega a 30 mil veículos. Falar de mudanças e desafios na trajetória da Scania é falar de uma Jornada de Evolução, sempre acompanhando tendências da humanidade e transformando-as em solução para nossos clientes. Uma jornada de pioneirismo, inovação, respeito, parceria e contribuição, resultando em uma relação de confiança com clientes, colaboradores, fornecedores, autoridades, comunidade ao redor, parceiros de negócio e sociedade em geral. Essa evolução está refletida na qualidade da entrega para nossos clientes; na contribuição para a história da indústria automotiva no Brasil e, especialmente, em São Bernardo; no investimento no Brasil – principal mercado da Scania no mundo –, com ampliação de nossas fábricas, no desenvolvimento de competências e em pesquisa e desenvolvimento; na Jornada da Sustentabilidade; e na liderança para transformar o ecossistema de transporte e logística, tornando-o cada vez mais sustentável. Temos muito orgulho da nossa trajetória e de tudo o que aprendemos até aqui, e celebramos o hoje da melhor forma possível: reforçando nossos compromissos com a descarbonização, investindo em pesquisa e desenvolvimento, pessoas e projetos de vanguarda que ditarão os próximos 65 anos. O futuro se faz agora.

Folha- Qual a programação da Scania para celebrar o aniversário?

Podgorski- São 65 anos traçando um caminho de constante evolução e, desde 2016, a Scania vem ampliando sua Jornada de Sustentabilidade. Aproveitamos este marco para anunciar algumas realizações e conquistas bastante relevantes para os setores de transporte e logística, para a Scania, para a humanidade e para o planeta. Destacamos nosso sistema global de produção com a entrega da ampliação da Fábrica de Motores e de um novo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento. Em julho de 2022, inauguramos a nossa própria Estação de Tratamento de Efluentes, pois toda nossa operação industrial é pensada de forma a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e o uso de recursos naturais. Com esse projeto vamos tratar 72 milhões de litros de água por ano, que serão disponibilizadas para reuso. Praticamos sustentabilidade dentro e fora de casa. Dentro do conjunto de ações dedicadas à atualização e modernização do parque industrial e desenvolvimento de tecnologias alternativas, a Scania está pronta para cumprir a etapa P8 do Proconve – Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (equivalente à tecnologia Euro 6, vigente na Europa desde 2014), que passa a vigorar em 1º de janeiro de 2023. Além disso, desenvolvemos juntamente com a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas e a Bain & Company o estudo “Transporte Comercial Net Zero 2050: caminhos para a descarbonização do modal Rodoviário no Brasil”. A pesquisa apresenta possíveis cenários para o país avançar na descarbonização do setor e, entre os principais achados, consta que para a equação brasileira será preciso incorporar todas as tecnologias existentes para fazer frente à meta zero carbono. A demanda de energia gerada por caminhões e ônibus no Brasil precisará ser atendida por um ‘mix’ de tecnologias já desenvolvidas ou em desenvolvimento, devido a uma série de variantes como a matriz energética e a vocação do país, infraestrutura, regulamentação exigida, necessidade de renovação de frotas, entre outras urgências. O futuro do nosso transporte rodoviário será eclético.

E para marcar os 65 anos da Scania no Brasil de um jeito colorido, lúdico e inspirador, e integrando o propósito da sustentabilidade com a cidade de São Bernardo, a Scania está produzindo uma intervenção artística nos muros de sua planta. Uma galeria de arte a céu aberto, com grafites coloridos, está sendo desenvolvida pelo artista Helder Holiveira e os parceiros do coletivo de artes visuais OS TRÊS (@osxtres), Adriano Bizonho e Gelson Salvador. O primeiro espaço já está pronto, na entrada da Estação de Tratamento de Efluentes da Scania, onde os desenhos convidam os visitantes a pensar a sustentabilidade, o cuidado com o planeta, o mundo e as pessoas, a partir de uma narrativa que tem como ponto de partida os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.

Folha- Ao longo das décadas, quais os ônibus que marcaram a história da empresa no Brasil?

Podgorski- A linha do tempo da Scania no Brasil é marcada por diversos pioneirismos, destaques e lançamentos, desde a década de 1960. No mercado de transporte de passageiros, destacamos a introdução da direção hidráulica, em 1963, no ônibus B76; a suspensão pneumática no eixo traseiro dos ônibus, em 1968; o primeiro ônibus com motor traseiro (BR 115), no ano de 1972; o primeiro articulado do país (B 111 RS), em 1978. A partir dos anos 1990, marcaram a história da Scania a apresentação do chassi 8x2 (1998) e o L94 UB: primeiro ônibus urbano de piso baixo (1999). Em 2001, um dos pioneirismos foi o ônibus de 15 metros; e, em 2008, a chegada de uma nova família de ônibus, com a Série K. Em 2015, a Scania lançou um ônibus biarticulado, o primeiro com motor dianteiro; e o ano de 2016 marcou a chegada do primeiro ônibus nacional movido a GNV/biometano. E estamos com uma novidade, que é o anúncio da Nova Geração de Ônibus da Scania, da Série K, com motor Euro 6.

Folha- A fábrica de São Bernardo foi inaugurada em 8 de dezembro de 1962 e foi a primeira unidade industrial para a produção de caminhões, ônibus e motores da Scania fora da Suécia. Atualmente, qual a representatividade desta unidade em números? Quais localidades que recebem a produção de São Bernardo?

Podgorski- Com presença em mais de 100 países, a Scania conta com 50 mil colaboradores ao redor do mundo e linhas de produção na Europa, Ásia e América Latina, que permitem o intercâmbio global de componentes e veículos completos. A multinacional está no país há 65 anos e o Brasil é o principal mercado da Scania no mundo. Daqui, exportamos para mais de 30 países. A operação industrial em São Bernardo do Campo corresponde a um espelho da matriz, na Suécia. É a única fábrica que produz de “para-choque a para-choque” fora da Europa. A fábrica de São Bernardo do Campo conta, atualmente, com 4.800 colaboradores, e a capacidade de produção anual é de 30 mil veículos. Em 2021, 37% dos veículos produzidos foram para exportação. A Scania Brasil possui uma rede de concessionárias com mais de 160 pontos de atendimento, com cobertura em 100% do território nacional.

Folha- O pacote de investimentos de R$ 1,4 bilhão, programado até 2024, tem contemplado quais novidades para a unidade de São Bernardo? O que ainda está previsto?

Podgorski- As ações que estão dentro do ciclo de investimento (2021-2024) no montante de R$1,4 bilhão são as dedicadas à atualização e modernização do parque industrial e desenvolvimento de tecnologias alternativas. Entre as iniciativas e projetos, estão o novo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (R$ 43 milhões), a criação da Estação de Tratamento de Efluentes (R$ 11 milhões), a ampliação da Fábrica de Motores e as adaptações industriais, tecnológicas e de competências para o cumprimento da próxima etapa do Proconve P8 (Euro 6), entre outros.

Folha- Como a Scania está se inserindo e se adaptando nos avanços da eletrificação dos transportes?

Podgorski- Atualmente, dois veículos elétricos vindos diretamente da Suécia estão na planta da Scania, em São Bernardo, exclusivamente para testes de pesquisa e desenvolvimento local de competências em torno das tecnologias de eletrificação. Um ônibus movido a bateria elétrica (BEV) está sendo usado unicamente pela equipe de engenharia nacional e funciona como uma espécie de ônibus-escola, no qual passa por testes, ajustes e adaptações às condições climáticas severas e topografia brasileiras. Um caminhão elétrico também será usado por equipes brasileiras para testes semelhantes.

Esta solução de transporte é uma realidade e comercialmente aplicada pela Scania em alguns países europeus, mas ainda não há previsão para sua implantação no Brasil. Essa é uma tecnologia pronta e conhecida na Europa (não é um protótipo) e que que será testada na América Latina dada a importância da região, suas estradas, condições climáticas e topografia. O Brasil é o local oficial de testes de todas as tecnologias de veículos da Scania, incluindo a eletrificação. Somos o único laboratório global de validação de produtos da marca fora da Suécia.

Esses testes serão conduzidos pelo nosso Centro Técnico de Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil, recém construído, que atua em sincronia com a matriz, na Suécia, testando veículos em condições regionais e contribuindo com desenvolvimento global. Os veículos elétricos fazem parte de um amplo portfólio de soluções disponíveis pela Scania e estão presentes em países em que a eletrificação já faz sentido para o mercado.

Estamos empenhados na transição para um ecossistema livre de combustíveis fosseis, por isso a Scania tem trabalhado com um uma ampla gama de produtos que também usam combustíveis renováveis, como o Biometano, e a eletrificação com o objetivo zerar as emissões de CO2 até 2050. Acreditamos que as tecnologias irão conviver em harmonia e a eletrificação será uma delas no futuro, mas cada mercado terá a sua vocação, o seu tempo de desenvolvimento, sua transição e sua resposta para a contribuição a redução das mudanças climáticas.

Folha- A questão da sustentabilidade tem ganhado cada vez mais importância para a Scania, em ações como a cessão do excedente da água de reuso da ETE para São Bernardo, entre outras. Até agora, qual a porcentagem da redução das emissões de gases de efeito estufa e do uso dos recursos naturais pela Scania?

Podgorski- Desde 2015, no pós-Acordo Climático de Paris, a Scania vem ampliando sua jornada de sustentabilidade. Em 2020, a empresa se tornou a primeira fabricante de veículos comerciais do mundo a ter suas metas climáticas aprovadas pela Science Based Targets Initiative - SBTi. Uma das principais metas estabelecidas até 2025 é reduzir em 50% a emissão de gases de efeito estufa das operações industriais e comerciais do grupo, com foco nos Escopos 1 (Emissões Próprias) e 2 (Emissões da Energia Adquirida). Para que isso seja possível, a Scania estabeleceu seis Metas Ambientais Corporativas, tendo como base o ano de 2015: Energia Elétrica livre de fósseis em 100% das operações até 2020 | meta atingida em 2016, quatro anos antes do objetivo inicial; redução de 50% das Emissões de CO2 no fluxo logístico terrestre por tonelada transportada; reduzir 25% o uso de Energia nas Operações Industriais; reduzir 50% a geração de resíduos não reciclados por unidade produzida (ou 25% em valores absolutos); reduzir 40% no uso de água por unidade produzida; e reduzir 75% das Emissões de CO2 das Operações Industriais até 2025.

A Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) é uma das iniciativas da empresa para alcançar essas metas. A ETE vai tratar todos os efluentes produzidos internamente – domésticos e industriais –, e adicionalmente irá reaproveitar água, sendo parte desse volume reutilizada nos processos da Scania e parte excedente cedida ao município de São Bernardo.

Última modificação em Sábado, 23 Julho 2022 13:42
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