O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), costuma dizer que só comenta sobre eleições em ano par. Desta vez, mesmo sendo ano ímpar, revelou, com exclusividade, à Folha do ABC, algumas de suas impressões para o cenário eleitoral de 2022.

Em relação à escolha do candidato tucano que irá disputar a presidência da República nas eleições do próximo ano, que tem agitado a cúpula do partido, com três prováveis candidatos, os governadores João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e o senador Tasso Jereissati (CE), cuja definição do nome acontecerá apenas no dia 17 de outubro, Serra avalia que se o PSDB, que já governou o Brasil por dois mandatos, quiser voltar a ser uma alternativa para comandar o país, precisa “demonstrar transparência e dialogar com a base, com a sociedade”.

Já em São Paulo, para participar da disputa ao Governo do Estado, até o momento, caso o atual governador não se candidate à reeleição, estão no páreo o tucano Geraldo Alckmin e o vice-governador Rodrigo Garcia (ex-DEM), recém-filiado ao PSDB. Serra comenta que a escolha deve ser feita “com o pulsar das ruas, como diria (o ex-governador) Mario Covas. Esse é o caminho que precisamos para apresentar nomes que mantenham essa estabilidade que o Estado de São Paulo tem, com esse comando do partido e da equipe há tanto tempo. Claro que, renovações, mudanças de nome, são sempre bem vindas, mas acredito que o segredo para esse processo de escolha do candidato a Governo do Estado, seja um processo exitoso para o Estado e para o partido é o diálogo”.

Foi cotado, também, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB). Questionado sobre qual a avaliação faz sobre a indicação do seu amigo e colega de partido, Serra diz: “Muito mais do que impor qualquer situação ou antecipar qualquer cenário, acredito mais em uma construção natural”.

Serra, que foi reeleito prefeito de Santo André, com grande aprovação nas urnas, com quase 80% dos votos, tem sido cogitado, no meio político, para concorrer, num futuro próximo, como deputado federal e até mesmo senador. “Acredito que o que nos leva a estar na vida pública é melhorar a vida das pessoas, estejam elas na cidade, no âmbito estadual, no federal, enfim, não são questões políticas partidárias que me movem. É a possibilidade que temos, de efetivamente, com a nossa disposição, com a nossa vontade, com amor que temos pelo que fazemos, de poder transformar a nossa sociedade, e, no caso hoje, transformar a nossa cidade. Então, o que o futuro nos aguarda, deixo para o futuro. Não vejo no horizonte, a médio e curto prazo, essa possibilidade de não continuarmos à frente da Prefeitura de Santo André. Seria uma espécie de traição a nossa gente que confia e confiou tanto neste novo modelo de gestão que transformou a cidade”, revela.

Questionado se teria vontade de disputar, foi enfático: “são as pessoas que têm que escolher, decidir, é um processo natural. É nisso que acredito, numa construção mais sólida, baseada em boa gestão, em conteúdo, em resultados. O processo político por si só, solitário e isolado, nunca será suficiente para alcançar voos maiores. O processo de voos maiores é um processo coletivo, que tem que ser construído em toda a região e, principalmente, com embasamento da sociedade, das pessoas, são elas que têm que reconhecer a nossa condição, a nossa capacidade no futuro de poder alçar voos maiores”.

Candidatos de Santo André - Serra já adiantou que a cidade terá candidatos próprios para disputar as eleições a deputado estadual e federal em 2022. Um deles, poderá ser o da primeira-dama, Ana Carolina Barreto Serra, mas o prefeito ainda não oficializou. “O que já definimos é que Santo André terá representantes. Isso com certeza, porque a própria sociedade já nos cobra. Uma cidade que já reencontrou o seu caminho, que voltou a ser protagonista, referência no ABC e na Região Metropolitana. É uma cidade que tem um dos melhores números do Brasil no combate à Covid, tem que ter representantes, na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. A questão de nomes também é um processo muito natural, que vamos amadurecer com o tempo, ouvindo a nossa gente, o nosso grupo, ouvindo a cidade e apresentando essas alternativas quando chegar a hora”, diz.