"Podemos dizer que o pior já passou”, garantiu o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), em entrevista exclusiva, sobre a pandemia do novo coronavírus, mas enfatizou que a ordem será de prudência, até o final do ano, quando a população da cidade terá completar o ciclo vacinal. Morando revelou que seu segundo mandato será “ainda melhor” do que o primeiro e que os investimentos deverão atingir a casa de R$ 1 bilhão. Sobre as prévias do PSDB, que irão acontecer em novembro próximo, o prefeito acredita que o governador João Doria deverá vencer e que terá seu voto. Confira.

FOLHA DO ABC - São Bernardo conclui a vacinação da população adulta e iniciou a imunização de jovens abaixo dos 18 anos. O sr.avalia que a pandemia, enfim, chega ao final na cidade? O que mudará nos próximos meses?

Orlando Morando - Podemos dizer que o pior já passou. Com o avanço da vacinação, registramos uma queda muito significativa na ocupação de leitos e de óbitos, o que é uma grande conquista e um verdadeiro respiro para o nosso sistema de saúde. Porém, o momento ainda exige cautela, uma vez que a variante Delta já é uma realidade em São Paulo. Não queremos levar à população o sentimento de que a pandemia já acabou. Os cuidados continuam e é por isso que, neste momento, não seguimos o Plano São Paulo, que determinou o fim da quarentena, no dia 17. Aqui em São Bernardo vamos continuar com as restrições no horário de funcionamento das atividades econômicas e com ocupação máxima de 60%. Nossa expectativa é vacinar toda a população com as duas doses até o final do ano e, até lá, a ordem é prudência.

FOLHA- A variante Delta ainda é uma ameaça, especialmente, com parte da população que é contra a imunização. Como a Prefeitura se prepara para conter o avanço das variantes e lida com os “anti-vacinas”? Haverá a possibilidade de o município exigir algum tipo de ‘comprovante vacina’ em ambientes fechados, por exemplo, como já acontece em Nova York e na França?

Morando - Não podemos obrigar a população a se vacinar, mas podemos tomar medidas contra os que querem escolher a vacina. Fomos a primeira cidade do País a colocar no final da fila quem tentar escolher a marca do imunizante. Isso é inadmissível em meio à maior pandemia da humanidade. Foram 126 pessoas que assinaram o termo de recusa entre os dias 1º de julho e 13 de agosto. Todas essas pessoas foram obrigadas a aguardar a vacinação da população adulta, mas tiveram a oportunidade de receber a dose neste último mutirão de 24h de vacinação realizado nos dias 14 e 15 deste mês. Temos trabalhado para conscientizar as pessoas sobre a importância da vacina, seja de qual marca for. Nossas equipes de Saúde também realizam busca ativa por telefone e presencialmente, por meio das equipes do Programa Saúde da Família (PSF). Enquanto não tivermos todos vacinados e enquanto a variante Delta ainda for uma ameaça, vamos manter nossa estrutura de atendimento, com leitos exclusivos. Podemos fazer isso tranquilamente, porque desde o início da pandemia optamos pela implantação de hospitais permanentes para enfrentamento da doença, diferentemente dos hospitais de campanha, que acabam sendo desmobilizados.

FOLHA - O sr. iniciou o segundo mandato, ainda sobre os efeitos da pandemia. Qual será o foco da administração, não só no período pós-pandemia, mas nos próximos três anos? O que a população pode esperar?

Morando - Mesmo durante a pandemia, com as atenções todas voltadas à área da Saúde, não deixamos de investir na cidade. Entregamos obras estruturantes, como o viaduto Tereza Delta, a urbanização dos córregos Colina/Saracantan, o programa Mais Luz, que está promovendo a substituição de todo o parque de iluminação pública da cidade, articulamos a implantação do BRT-ABC e a construção do piscinão Jaboticabal. Enfim, o trabalho não parou. Para os próximos anos, já anunciamos a chegada do novo Ambulatório Médico de Especialidades (AME) e da unidade da Rede Lucy Montoro, em parceria com o Governo do Estado. Em outra frente, teremos ainda o Hospital da Mulher, que segue em obras, com previsão de conclusão em 2022, o Hospital Municipal de Olhos, o novo ambulatório de Saúde Mental, entre outros. Também vamos implantar mais cinco viadutos na cidade, pavimentar e sinalizar 430 km de vias, recuperar 130 km de calçadas e implantar 72 km de ciclovias e ciclofaixas, bem como implantar sistema de vigilância aérea e de barreiras eletrônicas para fortalecer ainda mais a área de segurança, entre outras obras e serviços. Vamos atingir a casa de R$ 1 bilhão em investimentos, para fazer um segundo mandato ainda melhor do que o primeiro.

FOLHA - Como está a saúde financeira de São Bernardo, após período de intensos gastos no controle e combate à pandemia? O município está endividado?

Morando - Além dos investimentos durante a pandemia, entregamos o maior pacote de obras da história de São Bernardo. Tudo isso fez com que a cidade fosse considerada a quarta que mais investe no País, segundo estudo publicado pela Frente Nacional de Prefeitos (FNP). Desde 2017, inauguramos obras fundamentais, como o Piscinão do Paço, quatro viadutos, oito corredores de ônibus, dois hospitais, além de todo o investimento realizado no enfrentamento à Covid-19 ao longo de 2020 e 2021. Para se ter uma noção, somos uma das poucas cidades da região que têm honrado os pagamentos com precatórios e temos boas avaliações das instituições financeiras.

FOLHA - O sr.já afirmou que seu foco é administrar a cidade. Porém, como tucano, o sr. também terá que votar nas prévias do partido, em novembro próximo. O governador João Doria terá seu voto? Avalia que o partido esteja dividido, com forte risco de perder um de seus fundadores, que no passado, já foi um de seus principais aliados?

Morando - O PSDB é um grande partido, com quadros de destaque tanto para São Paulo quanto para o Brasil. É natural que haja disputa interna. Tenho certeza que o partido vai apresentar o nome certo no momento certo para o governo do Estado. Quanto ao cenário federal, tenha a clareza de que estamos concluindo a vacinação da população adulta em todo o estado de São Paulo graças ao governador João Dória, que teve a coragem de buscar a vacina quando ainda não se falava disso, e ao instituto Butantan. Tudo indica que o governador deve vencer as prévias e terá meu voto. Mas claro, como membro histórico do PSDB vou respeitar o resultado e apoiar o candidato escolhido.

FOLHA - Qual o presente o sr. gostaria de dar aos munícipes, neste aniversário de 468 anos, além das vacinas?

Morando - Um novo começo. Com o avanço da vacinação, estamos iniciando um novo tempo em São Bernardo, com a cidade voltando aos poucos a sua rotina pré-pandemia. Isso é o que as pessoas mais querem, depois de quase dois anos de restrições e distância daqueles que amam. Claro que vamos manter todos os cuidados, porque a retomada deve ser gradual. Mas já é um começo.