26 Apr 2024


FMABC mapeará pacientes com esclerose múltipla no ABC

Publicado em Saúde
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A disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) deu início neste ano ao primeiro estudo epidemiológico em esclerose múltipla da região do ABC Paulista. Trata-se de trabalho multidisciplinar e abrangente, que pretende traçar o perfil dos pacientes da região a partir de avaliações com médicos neurologistas, dermatologistas e otorrinolaringologistas, psicólogos e fonoaudiólogos – estes últimos, responsáveis pelas áreas de disfagia (dificuldade de engolir), voz e olfato. Médicos residentes e alunos de Medicina completam a equipe da pesquisa.

Até meados de 2019 serão diversos mutirões para avaliação multidisciplinar de 200 pacientes da região do ABC – todos cadastrados nos ambulatórios da FMABC. O primeiro ocorreu em 12 de maio e recebeu 20 pacientes. “Este é um estudo amplo, pelo qual buscamos conhecer o perfil das pessoas com esclerose múltipla nas sete cidades do ABC. Os aspectos epidemiológicos e de saúde são avaliados, bem como a rotina de tratamento desses pacientes e as sequelas deixadas pelos surtos que acompanham a evolução doença”, detalha a Dra. Margarete de Jesus Carvalho, professora de Neurologia e coordenadora do Ambulatório de Distúrbios de Movimento da FMABC.

Segundo a especialista, em novembro de 2017 foi realizado o projeto piloto do estudo, quando foram convocados seis pacientes para passar com a equipe multiprofissional na Faculdade de Medicina do ABC. “Queríamos ter ideia da aceitação deste projeto junto aos pacientes e também do tempo necessário para realizar as entrevistas e todas as avaliações no mesmo dia, tanto com os médicos quanto com os psicólogos e fonoaudiólogos”, explica Dra. Margarete, que acrescenta: “A experiência inicial foi muito positiva e encaramos o desafio de um mutirão maior, em maio deste ano, para 20 pacientes. Novas edições serão programadas, conforme a agenda dos profissionais envolvidos no trabalho”.

Para a aluna do 3º ano de Medicina, Camila Sando, além da questão assistencial, a pesquisa proporciona “uma visão mais abrangente sobre as pessoas, sobre o que elas sentem, e não apenas da doença que elas têm”. A aluna completa: “Você acaba descobrindo os medos do paciente, as preocupações e o que ele ainda não entendeu. Vemos claramente a confiança no profissional, o que é muito bom. Considero que a humanização é o ponto que mais me agrada neste trabalho. Claro que também é muito importante a questão multidisciplinar da patologia. Mas esse acompanhamento pessoal, estar próximo, íntimo do paciente, é a maior contribuição para os acadêmicos nesse tipo de atividade”.

ACOMPANHAMENTO CONTÍNUO

Moradora de São Bernardo, Ana Paula Tardelli, de 36 anos, aprovou a iniciativa ao participar tanto do projeto piloto quanto do primeiro mutirão. “Achei a ideia da pesquisa muito interessante. Pude passar com vários especialistas no mesmo dia, o que facilita muito, porque no SUS (Sistema Único de Saúde) as consultas costumam demorar. Além disso, se tivesse algum problema, no próprio mutirão o pessoal da faculdade já fazia o encaminhamento. Graças a Deus não foi o meu caso e comigo estava tudo bem”, revelou a paciente, ao destacar o trabalho da Fonoaudiologia, que disponibilizou canetas com odores diversos para testar o olfato dos pacientes.

Ana Paula Tardelli foi diagnosticada com esclerose múltipla em julho de 2011. Segundo a paciente, os primeiros sintomas começaram em 2007, mas o diagnóstico veio somente anos mais tarde. “Hoje estou bem melhor, tomando os remédios corretos. Antes eu caía muito e não sabia o motivo. Tive intercorrências da doença, mas estou muito melhor do que antigamente”, revela a paciente, que conta outro ponto positivo do tratamento: conheceu o namorado na Faculdade de Medicina do ABC, na sala de espera pela consulta de Neurologia. “O Andre também era paciente da Dra. Margarete e foi assim que nos conhecemos, há mais ou menos uns três anos. O tempo passou e já moramos juntos há dois anos”.

ESCLEROSE MÚLTIPLA

Considerada a doença neurológica mais prevalente entre jovens na Europa e na América do Norte, a esclerose múltipla (EM) atinge aproximadamente 2 milhões de pessoas em todo o mundo. É mais comum em países de clima temperado e acomete com maior frequência o público feminino, na proporção de 2 mulheres para cada homem. O problema tem maior prevalência em adultos entre 20 e 40 anos, raramente atingindo crianças e idosos. A prevalência da doença é de 2 casos a cada 100.000 indivíduos nos países tropicais e de até 150 casos a cada 100.000 indivíduos nos países nórdicos.

De causa desconhecida, a EM é uma doença inflamatória crônica que afeta o sistema nervoso central. Assim como lúpus e diabetes, é uma doença autoimune, caracterizada quando o sistema imunológico deixa de reconhecer o organismo e passa a combater não apenas inimigos, como bactérias e vírus, mas também tecidos e células saudáveis. Na esclerose múltipla, o sistema imunológico agride a bainha de mielina – camada que envolve estruturas dos neurônios denominadas axônios. Quando ocorre a lesão inflamatória da bainha de mielina do axônio, temos o chamado surto, cujos sintomas duram pelo menos 24 horas.

A doença acomete diferentes partes do cérebro e da medula espinhal. A ocorrência dos surtos é imprevisível. Entre os principais sintomas estão visão dupla (diplopia) ou perda súbita da visão, fadiga, tontura, perda total ou parcial da força muscular, tremores, falta de coordenação motora, dificuldade para andar, alterações de fala, de memória e de sensibilidade.

Apesar de não ter cura, o tratamento medicamentoso é bastante eficaz. Os objetivos são reduzir o número e a gravidade dos surtos, assim como a quantidade e a dimensão das lesões, além de retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente. Além do acompanhamento com neurologista, o tratamento deve ser multidisciplinar, com apoio de áreas como fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia e fonoaudiologia, além de orientação nutricional e de outras especialidades médicas como urologia, psiquiatria e fisiatria

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