O prefeito de Santo André, em entrevista exclusiva, revelou que, após dois anos de pandemia, o aniversário de 469 anos da cidade será de celebração da vida e da “retomada tão esperada”. Contou que tem dado atenção especial às áreas de Saúde e na Educação, que foram muito afetadas na pandemia. Além disso, anunciou que o município possui R$ 1 bilhão em investimentos públicos e R$ 1,5 bilhão em investimentos privados. Na área política, chegando à metade do seu segundo mandato, afirmou que ainda não definiu quem será seu sucessor no comando do Paço. “Vamos analisar como irá ficar o país, a partir de 2023, com o resultado da eleição, quem será o presidente, para aí sim, começarmos a desenhar um modelo sucessório”, revelou. Confira.

Folha do ABC - Depois de dois anos seguidos de pandemia, o aniversário de 469 anos da cidade consagra a volta à ‘normalidade’. Enfim, a pandemia parece se arrefecer. A economia também já apresenta sinais de estabilização da retomada. A partir de agora, qual será o maior foco da administração? Qual a expectativa do governo?

Paulo Serra - A comemoração dos 469 anos é a celebração e a solidariedade. Voltar a celebrar a vida, celebrar essa retomada tão esperada por todos nós. Por dois anos, ficamos com essa perspectiva de que essa pandemia iria acabar e está, finalmente, terminando, e isso nos dá um otimismo muito grande, porque conseguimos fazer, de novo, um aniversário com eventos, com gente, com público, com cultura, esportes, lazer, mas também com entregas, comemorando.

   Entramos no mês de aniversário com prêmios que a cidade ganhou com reconhecimento internacional no esporte e isso tem uma simbologia especial para nós, porque os equipamentos esportivos foram hospitais de campanha, durante esses dois anos, salvamos milhares de vidas e, agora, vemos esses equipamentos retornando, a natação, o vôlei, o basquete, e ainda com prêmio de Cidade Sul Americana do Esporte, que nos dá uma alegria muito grande, e o prêmio de Cidade Empreendedora, que Santo André foi contemplada. É a 12ª cidade do Brasil com melhor ambiente para o empreendedorismo. Então, são duas áreas importantes. O esporte representa a retomada e esse ambiente de empreendedorismo, de competitividade, que tem relação direta com o emprego. Então, não poderíamos ter essa retomada de uma forma mais otimista.

   Os desafios, além das comemorações, estão nas áreas que foram mais afetadas pela pandemia. Além dos eventos, da Cultura, da Educação e da Saúde.

Folha - As áreas de Saúde e Educação foram as que sofreram mais sequelas da pandemia. Na Saúde, por conta da fila por consultas e exames que voltou a acontecer, e, na Educação, por conta das limitações e dificuldades do período sem aulas presenciais. Como o governo irá reforçar essas áreas?

Serra - A Saúde está voltando ao planejamento do QualiSaúde, com a reforma das unidades. Temos duas entregas de unidades neste mês, de Alzira Franco e Paranapiacaba, já voltamos com os mutirões, vamos zerar as filas de exames e consultas, continuar a qualificação do serviço de saúde, pois a pandemia tornou a saúde monotemática. Só tratamos disso. Santo André foi uma referência, os nossos hospitais permitiram que nenhum andreense ficasse sem atendimento, mas agora é hora de voltar.

   As demandas represadas de exames e consultas, começamos a zerar, como na Ortopedia, Dermatologia, cirurgias eletivas, também a bariátrica, exames mais complexos, de imagens e especialidade de uma forma geral. Queremos, até o final de abril, praticamente, zerar todas essas filas, com os mutirões. Já fizemos mais de 5 mil atendimentos nos mutirões até agora.

   E a Educação que, com os tablets, com todo o reforço que está sendo investido, temos focado muito. Então, essas áreas são muito importantes.

   Na Educação temos vários programas. Temos uma busca ativa de alunos que se afastaram da escola, o “Nenhum a Menos”, temos o reforço, através das ferramentas eletrônicas. Todos os alunos do 2º ao 5º ano receberam tablets com internet e esses tablets, de acordo com o desempenho escolar, vão ser utilizados para reforço. Há aulas no contraturno também, nos Cesas para quem estava na fase de alfabetização e teve algum tipo de prejuízo nesta fase importante, que vai dos 5 aos 7 anos de idade. Temos vários programas para recuperar esse déficit pedagógico que aconteceu pelas aulas não presenciais, que ficamos, praticamente, dois anos.

   Estamos muito focados nisso, a professora Cleide faz um brilhante trabalho. Inclusive, aumentando o número de alunos. Municipalizamos 17 escolas. Estamos indo para 40 mil crianças, hoje, na nossa rede e temos um foco muito especial na Educação, na formação integral de indivíduos, das nossas crianças e na qualidade da Educação, que Santo André é referência.

Folha - Santo André vive um momento efervescente nos investimentos públicos e privados. Na área pública e privada, qual o volume de investimentos previsto para este ano? Há estimativa de quantos novos empregos serão gerados?

Serra - Estamos, em infraestrutura, com mais de R$ 1 bilhão em investimentos públicos, entre todos os programas e obras que estão em andamento nas cidades, algumas já entregues. Santo André também tem R$ 1,5 bilhão de recursos privados investidos na geração de empregos.

   Então, temos grandes novidades durante o mês de abril. Algumas, não posso anunciar, ainda, por uma questão estratégica das empresas. Vamos ter dois grandes anúncios este mês ainda, de grandes indústrias que estão nas cidades. Tivemos, há poucos dias, só do grupo da Rede D’Or foram R$ 300 milhões anunciados, com 3 mil novos empregos. Então, temos essa cifra muito significativa da cidade que o próprio Ministério da Economia como, da Região Metropolitana, uma das cidades mais competitivas e que tem atraído muitos investimentos.

   Temos uma expectativa, com vagas diretas e indiretas, de 10 mil novos empregos, para o próximo semestre. E isso tudo tem relação, também, com a capacitação da mão de obra que temos feito com a Escola de Ouro, que é capitaneada pela Ana Carolina. Temos formatado essa capacitação conforme o próprio mercado nos demanda e isso tem dado muito resultado.

Folha - Uma grande Reforma Administrativa deverá ser anunciada nos próximos dias. O sr. pretende fazer alterações nas secretarias de Administração, Saúde, no Semasa e talvez, também na Educação. O sr. poderia comentar sobre essas mudanças?

Serra - Faremos ajustes. Não é uma grande Reforma Administrativa.  São ajustes, vamos mandar um projeto para a Câmara, na linha de modernizar a gestão, enxugar a máquina. Faremos adequações em algumas secretarias, para que a máquina funcione ainda melhor. É o acúmulo da experiência que temos, depois de cinco anos completos como prefeito e também por essa retomada. Daremos foco muito especial em algumas áreas. Então, é neste sentido, mas é uma pequena reforma. Até porque temos uma administração, uma gestão com a cidade e a sociedade e que o próprio resultado eleitoral mostrou que há uma aprovação. Não dá para chegar e dizer: “vou mudar completamente”, porque a cidade reencontrou seu caminho. As pessoas reconhecem isso. Sabem que têm problemas ainda, muitos desafios, mas há uma sintonia muito boa, hoje, com o morador de Santo André. Então, nem justificaria uma mudança muito radical, na forma com que a gente vem administrando. São ajustes dentro do novo modelo de gestão que implementamos em 2017. As áreas prosseguem, mas em relação ao secretariado não deve haver grandes mudanças, não. São pequenas e pontuais.

Folha - O governo apresenta altos índices de aprovação e parte deste reconhecimento também já foi expresso nas urnas, na sua reeleição. O sr. já tem preparado um sucessor, para dar continuidade ao seu trabalho? Como está esse processo?

Serra - Não. Primeiro, porque ainda temos 2 anos e nove meses de gestão. Nunca passou pela minha cabeça anunciar um projeto político pessoal. Fui eleito para governar Santo André. Acho que seria uma traição com as pessoas se pensasse num caminho diferente, num projeto político puro. Não acho isso legítimo com as pessoas que nos deram um voto de confiança. Para esta definição, precisamos entender como estará o cenário eleitoral e temos uma eleição na frente da municipal, que é a eleição para presidente. Isso tem influência direta, na escolha, no rumo que o país irá tomar. Então, além de termos, ainda, muito tempo de gestão, vamos analisar como irá ficar o país, a partir de 2023, com o resultado da eleição, quem será o presidente, para aí sim, começarmos a desenhar um modelo sucessório. O que acredito, que já é um legado positivo, é que as pessoas não podem e não devem se acostumar com menos. Efetivamente, imprimimos uma qualidade e um ritmo de trabalho muito intenso e que bom que as pessoas, agora, vão ser cada vez mais exigentes com os próximos prefeitos.

   Queremos deixar um legado de planejamento estratégico, através do ‘Santo André, 500 anos’, que é uma herança para a cidade para que ela nunca mais saia deste rumo de crescimento, de desenvolvimento e planejamento.

Folha - Qual o presente que o sr. gostaria de dar à cidade, neste aniversário de 469 anos?

Serra - Celebração da vida e uma retomada da normalidade de maneira integral, com segurança, com paz, com tranquilidade. Esses prêmios já vieram em bom momento. Queria voltar com esse reconhecimento, mas é uma cidade com qualidade de vida, que vamos voltar a ter, do jeito que nós gostamos tanto, confraternizando, encontrando as pessoas. Curtir a cidade, esse é o maior presente que podemos dar.