26 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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05/05/2012

Um filme-documentário sobre a arte da dança de Pina Bausch, famosa coreógrafa, falecida antes do término da sua elaboração, mostra-nos o poder da dança como expressão de arte, de dor, sofrimento, angústias, alegrias, e tudo mais que se possa expressar e traduzir sobre o sentimento humano pelos movimentos do corpo. Ela mesma, por palavras gravadas para o filme, dizia que a dança surge no momento em que as palavras já não dão conta das emoções. O escritor sergipano Gilberto Amado lembra-nos, em suas memórias, que se encantava com a dança quando sentia que ela dava forma à música de Chopin. Estas lembranças me acodem à mente ao ter conhecimento dos trabalhos de um grupo de mulheres, em Bauru-SP, ideado pela senhora Stella Coube Jacob, denominado Grupo Pink, que se entende "não apenas como um grupo, mas verdadeira entidade que veio para fazer barulho". Afinal, trata-se de mulheres, como registrado na abertura de livro contando a história do Grupo, editado por Idéa Editora Ltda., com sede na mesma cidade de Bauru. O livro é todo ele de cor rosa (pink, em inglês), narrando a trajetória do Grupo que se une, como ali registrado, por "um vínculo quase sobrenatural. Além do pacto de amizade, há um pacto de cumplicidade e aceitação mútua, no qual têm igual acolhimento as virtudes e os pecados. E, convenhamos, há algo melhor do que sentir-se querida, apesar de sua contradições?". Claro está que não se trata de um grupo formado por mulheres de iguais características, temperamentos e sentimentos, já que isso é impossível entre grupamentos humanos. Mas é justamente a diversidade, substituída pela idéia de unidade, que lhe dá essa força muito especial para buscar na dança, e nela encontrar, a melhor terapia apoiada na amizade "como algo essencial e capaz de fazer a diferença na vida de uma pessoa". Bem por isso, suas integrantes "escolheram a dança como principal maneira de expressão, mas abertas a qualquer projeto que passar pelas (suas) cabeças", como se lê na página 9 do referido livro. Uma das componentes do Grupo desabafa, como que fazendo eco ao sentimento de muitas delas: "Descobri que tenho uma coragem que não sabia que tinha. E não falo só da coragem para pagar micos; falo da força para enfrentar a Vida. Com a coragem, veio a ousadia e a tão falada liberdade de realmente ser quem sou, e não ser uma pessoa moldada" (pág. 174).
Seria preciso registrar ainda muito mais sobre esse interessante Grupo Pink de mulheres que descobrem outros sentidos para a vida, por meio do milagre da arte, pela dança. Parabéns, "Mulheres de Bauru". Ao inverso das "Mulheres de Atenas", conformadas com seu destino de dependência, vocês buscaram a liberdade por meio da magia da Arte, do alegre convívio, e com a afetiva solidariedade própria das mulheres.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

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