15/09/12

Jornais divulgaram há dias a intenção manifestada pelo Ministério da Previdência Social de fazer uma revisão geral dos aposentados por invalidez. Entende o Ministro ser necessária a revisão para aferir os realmente necessitados da aposentadoria e os reabilitáveis para o serviço ativo, aliviando com sua volta ao trabalho as despesas da caixa do Ministério. Seria razoável se na fosse apenas mais um engodo da administração pública no sentido de economizar à custa de deficiências alheias, enquanto engorda fatias já bem nutridas do funcionalismo público, em geral; salvadas, claro, as exceções de praxe. Amigo meu aposentado por invalidez já se põe com as barbas de molho alertado pelo velho dito popular segundo o qual a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.
No embalo daquela intenção para suposta contenção de gastos previdenciários, vem a questão dos velhos, ou idosos se preferirem. Segundo registram os jornais, batendo na mesma tecla, as populações no mundo, e no Brasil também, estão parando de crescer, renovando-se, pois os casais continuam no firme propósito de ter cada vez menos filhos, ao mesmo tempo em que, na outra ponta, populações não param de envelhecer. Quando eu era menino achava que um homem de 40 anos era velho. Hoje aos setenta ou mais as pessoas estão cada vez mais aptas ao trabalho. É só querer, ou precisar e, claro, ter oportunidade.  A esse propósito diz comentário de importante jornal paulista: "Quando a parcela de idosos que não trabalham ganhar preponderância, o bônus demográfico estará esgotado  e aparecerá no horizonte um novo ciclo de problemas".  É o resultado trágico, já em curso, em que os gastos com previdência e saúde aumentam em demasia sem a correspondente compensação de novos contribuintes para manter o equilíbrio dos cofres previdenciários.
Será, ou já é, um beco sem saída. Melhor seria não envelhecer, nem ficar doente ou inválido. No entanto, o paraíso na terra, se existisse, continuaria cada vez mais longe de nosso alcance. E da Previdência, também, para azar de todos.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.