Qualquer pessoa medianamente informada e interessada em política sabe que na Venezuela vigora um regime autoritário, que se diz democrata, mas não é.  Por incrível que pareça, o governo do Brasil, hoje, pactua pelo silêncio e pela omissão, com as violências ali praticadas pelo presidente Nicolás Maduro contra adversários políticos e contra a imprensa que lhe não dê apoio. Seus principais adversários políticos estão presos, sem julgamento. Se forem julgados, com certeza serão condenados, pois o “madurismo” controla também o poder judiciário e o legislativo, não sobrando qualquer possibilidade de êxito nas investidas contra o governo atual. Seus opositores são considerados golpistas, como aqui o governo Dilma Roussef denomina os que o contestam.
Discípuloaos do presidente Hugo Chávez, morto há dois anos, Maduro segue-lhe os passos e governa com mão de ferro, apoiado por militares cujas milícias também controla. E tudo sob a doutrina do bolivarismo, deformada e adotada como política oficial do governo em acordo com a vocação de caudilhismo de certas lideranças sul-americanas.
Simon Bolivar (1783-1830), cujo nome batiza essa doutrina, foi um jovem militar venezuelano que lutou contra o domínio espanhol ali na região com o propósito de unir as nações sul-ameri-canas, e até as da América central, numa espécie de confederação para libertarem-se da interferência dos Estados Unidos na política e, sobretudo, na exploração de negócios na economia e no comércio.  Hugo Chávez e agora Nicolás Maduro, levam ao extremo a idéia ao proclamarem a nação norte-americana como verdadeira inimiga, tentando impor aos venezuelanos um socialismo latino-americano/chavista à moda de Cuba ou da Bolivia.
Mas, para ficarmos só na Venezuela, pátria de Simon Bolivar, havemos de concordar que o governo de Maduro tem levado o país a uma séria crise de credibilidade pela desordem de sua economia, a inflação altíssima, desemprego, a escassez de alimentos, as revoltas populares tidas como “conspiração” pelo governo como imaginadas tentativas de golpe contra ele. E punidas implacavelmente pela fúria  arbitrária do governo.
Para nossa tranqüilidade, em que pesem  os sérios problemas atuais do Brasil,  em nossa política e na economia inteiramente desarrumada,  nossas instituições democráticas mantêm-se firmes por aqui, imunes a qualquer ameaça bolivariana, ou que outro nome possa ter.