Meu amigo Enzo Ferrari, médico ilustre, presenteia-me com nova edição de seu livro “Minha História”. A primeira, de 2010 e esta segunda, de 2015, estão ambas recheadas de recordações e saudade do “italiano” que se tornou um ilustre brasileiro, honrou a sua profissão de médico, e se fez um dos mais autênticos cidadãos de São Bernardo. A dedicatória com que abre o livro revela o marido extremoso homenageando a memória de sua mulher Orieta com quem esteve casado, por cinqüenta e três anos, e de cuja união nasceram-lhes as filhas Silvana, Raquel e Heloisa, queridas e atuantes, com ele registra no intróito de sua narrativa.
Nascido na Itália, dalí saiu com os pais, ainda bebê, aqui aportando no ano de 1927. Primeiro, a família percorreu cidades do interior paulista enfrentando naturais dificuldades. Depois, São Bernardo onde permanece. Médico dedicado, um dos fundadores do Hospital São Bernardo, ali exerce seu oficio até hoje. Ocupou o cargo de Secretário de Saúde na gestão do saudoso prefeito Geraldo Faria Rodrigues. Presidiu a Fundação ABC, entidade mantenedora da Faculdade de Medicina em Santo André e foi o primeiro presidente da Sociedade Médica de São Bernardo, que nasceu sob sua inspiração e deu origem à Regional de São Bernardo do Campo e Diadema, braço da APM – Associação Paulista de Medicina (o equivalente à OAB dos advogados).
 A História de Enzo é longa, pontilhada de dificuldades e vitórias, o que é próprio dos homens de fibra, determinados na busca de suas conquistas como profissional e como cidadão prestativo, competente, solidário. Hoje aos 86 anos de idade ainda presta serviços, e bons serviços, no Hospital que ajudou a fundar em 1958, entre outros médicos com Fausto Figueira de Melo (meu saudoso amigo dos tempos do velho PDC, Partido Democrata Cristão, ao lado de Franco Montoro e tantos outros).
 Fecho este registro breve das conquistas, atividades e sucessos de Enzo Ferrari, mencionando pitoresco episódio que relata nessas memórias.
Atendendo a uma paciente em trabalho de parto, diz ele que a mulher berrava de dor na ambulância que a transportava ao hospital. E ele: - “Dona Maria, feche as pernas e respire fundo”. Continuando aos gritos, o marido que a acompanhava, berrou: “Maria, feche as pernas”. E ela, mesmo em dores, ainda teve ânimo e humor: “Agora você manda fechar, né?”.
Meu caro amigo Enzo Ferrari: receba estas notas, neste canto de página, como sincera manifestação de minha admiração e de minha estima ao homem simples que você tem sido, cuja vida de lutas e conquistas há de servir de exemplo, especialmente a novos médicos candidatos ao verdadeiro sacerdócio que se instala nessa dura profissão de “sedare dolorem” – ou, em vernáculo, aliviar a dor.