19 May 2024


O que foi a Legião Brasileira de Assistência...

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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A novela “Além da Ilusão”, despertou na geração atual uma pergunta. O que era essa Legião Brasileira de Assistência? Vamos lá...
Em 1942, a Sra. Darcy Vargas, esposa do Presidente Getúlio Vargas, fundou uma associação com nome de Legião Brasileira de Assistência. Foi no ano de 1942, com o objetivo de ajudar as famílias dos soldados que haviam lutado na Itália.
A associação espalhou-se por várias cidades do Brasil, e tinha anualmente uma subvenção do governo. Aqui em São Bernardo, a responsável, foi a Sra. Olinda Lopes, que a presidiu por muitos anos. Ela era a esposa do gerente do Banco Noroeste, Antonio Raposo Lopes, mas Dona Olinda sempre foi quem a comandou. Por um tempo a Sra. Neda Pelosini também a presidiu.
Em 1970, o prefeito Aldino Pinotti cedeu uma sala no prédio da rua Marechal Deodoro, nº 1058, em cima dos correios, para que a entidade tivesse um local para seus trabalhos.
Eu devo ter começado meu trabalho lá como voluntária, uma tarde por semana, como funcionava, em 1972, quando meu filho mais novo começou a frequentar o maternal. Ensinávamos mães humildes a fazer trabalhos manuais, bordar, fazer crochê e tricô. Algumas voluntárias que me lembro: as Sras. Odete e Cecília Pasin, Juanita, Eugenia e sua filha Henriete Maluly, Neda... e outras. Com o aumento do número de mães, a Sra. Olinda pediu que eu formasse outro grupo. Escolhi a segunda-feira, tendo trinta mães, e convidei as amigas Wilma Ferreira, Maricota Pinto, Sra. Maria, sua filha Iolanda e sua nora Ana, da família Pequini. Tive outras colaboradoras, mas algumas desistiram. Nossos trabalhos eram impecáveis. Toalhas cópias da revista italiana Rakan. Os panos de prato bordados artisticamente e com seu acabamento em crochê. Nossas exposições eram antes do Dia das Mães e antes do Natal. Depois dos trabalhos escolhidos, as voluntárias levavam para casa para riscar. Linhas escolhidas, orientações e então as mães começavam a bordar. Eu tenho uma confissão a fazer. Era ótima no tricô, mas o crochê, eu com 32 anos, só sabia fazer a correntinha. Ensinei isso... e mais... e fiz uma colcha para casal para nossa cama, em flores coloridas em lã, e acabamento em preto. Ai não parei mais...
Nós levávamos bolo, uma das mães fazia o café, e era o dia em que nós servíamos a elas. Todo o encontro fazíamos uma conversa enquanto trabalhavam, sobre um assunto da semana, ou data comemorativa, explicando os porquês. Fizemos um curso para as filhas delas, jovens, de como tratar um bebê, desde o banho, troca de roupa e alimentação. Numa banheira de alumínio e boneco em tamanho normal de uma criança. Falávamos sobre a família, filhos, maridos... ouvimos muita coisa desagradável. Convidamos a nutricionista Sra. Elizabeth, esposa do Hermínio Vazzola, para dar uma aula para elas sobre o aproveitamento de legumes e suas ramas e outros alimentos baratos e aproveitáveis.
Eu, inspirada pelo que minha mãe fazia na sua Bartira, combinei com minhas voluntárias, a pedirmos em alfaiates e costureiras, restos de tecidos. Fizemos moldes, cortamos e as mães costuraram. Calcinhas e camisas para os meninos e vestidinhos para as meninas. Oferecemos ao Lar Emanuel, indo receber as doações seu diretor Sr. Ramaciotti, a responsável Sra. Ruth e um grupo de crianças do lar. Uma das mães fez o discurso, a Sra. Sebastiana. Foi assim: “Meu domingo é na segunda-feira quando venho aqui. Coloco meu melhor vestido, depois de lavado e passado. Hoje é com prazer que doamos essas roupas para as crianças. Nossos filhos têm a nós mães, mas para estes damos nosso carinho! ” - Imaginem se não choramos...
As mães respondiam uma lista de presença, e no final do ano a renda das exposições tinha uma parte repartida para elas, dependendo da presença e ficando um saldo para a compra de mais materiais. A Exposição também era um evento concorrido pelas nossas amigas da cidade. Geralmente se estendia pela semana.
Foi extinta em 01-01-1995, primeiro dia da posse do presidente Fernando Henrique. A LBA fazia parte do Ministério do bem-estar do menor.
Sem a subvenção do governo, Dona Olinda continuou com a ajuda de associados, e em outro local, a trabalhar fazendo enxovaizinhos para bebês, com a ajuda de suas voluntárias. Ainda fazia uma exposição de pequenos trabalhos manuais para a aquisição de materiais, e quando as parturientes inscritas estavam próximas a dar à luz, recebiam essa ajuda. Nessa época eu já estava engajada em outro tipo de voluntariado.
A Sra. Olinda: A eterna presidente, faleceu em 2 de agosto de 2021, aos 92 anos. Nossos agradecimentos a ela pelo lindo trabalho que fez aqui na terra junto com suas colaboradoras.
Um abraço, Didi

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