19 May 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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Na última reunião do Centro de Memória, sobre o assunto Benemerência de anos atrás, falei sobre a Legião Brasileira de Assistência (que na semana passada já citei aqui) e sobre a Associação Beneficente Bartira
Quando minha mãe Odette teve minha irmã, o terceiro filho, na Maternidade São Paulo, devido problemas no nascimento, fez uma promessa. Que se tudo ficasse bem, ela iniciaria uma associação beneficente de nome Bartira. Foi em 1944. Ela colocou esse nome devido a história da cidade. Bartira era a índia, filha do Cacique Tibiriçá, que se casou com João Ramalho, fundador da cidade.
Em 1945, começaram a moldar a entidade. Convidou senhoras da cidade e elegeram a diretoria. Minha mãe, a presidente, Carmem Tabet Marques a secretária e Lucimar Tondi, a Luci, a tesoureira. Até o final essa foi a diretoria. A documentação, inclusive boletins anuais, encontram-se no Centro de Memória de São Bernardo.
Em uma época que não havia ajuda aos carentes, essa foi a primeira associação da cidade. Para arrecadar fundos, além das associadas, o grupo levava um “Livro de Ouro” aos empresários da cidade. Eram principalmente fábricas de móveis, famílias amigas e casas de comércio. Minha mãe sendo musicista, fundou o Coral Bartira, com amigos que gostavam da bela arte do canto. Lembrando aqui alguns: Armando Zóboli, Dr. Eugenio Takeshita, as irmãs Tondi aqui de São Bernardo e de Santo André, Alcides Médici, Rossi, as irmãs Portinari Fabri, as irmãs Magnani, entre tantos mais… as jovens e crianças, das famílias, Tavares, Bellinghausen, Margonari, Pasin, Guidetti, Bochille... a memória para por aí. Eram feitos shows beneficentes no Cine Anchieta, gentilmente cedido pela família Cheidde, comportando mais de mil pessoas, ficando lotado e com pessoas em pé, como atestam as fotos que temos. Eram apresentações individuais e em grupos. Os homens de smoking e as mulheres com vestidos longos, como chamavam, traje “Soirée”. O apresentador sempre foi o gentleman Abib Riskallah, que era quem tinha todos os equipamentos do som e fazia a montagem, e com sua elegância, impressionava a todos. Lembro de alguns shows: “Show do Livro” (para adquirir livros para a fundação de Odette da Biblioteca Monteiro Lobato) “Show da Primavera”, “Shows do Natal”, “Show da Vitória” (quando Lauro Gomes foi eleito prefeito de São Bernardo) e muitos mais. O Coral Bartira cantava também “pot pourris”de músicas em inglês, francês, italiano e espanhol. Alguns romances começaram nesse tempo no coral... Nosso amigo Beltran, era o fotógrafo.
Eram muitos os carentes que ficavam todas as quarta-feiras na rua João Pessoa, em frente à casa de meus pais, e eram atendidos no terraço por minha mãe, avó Assumpção, amigas e jovens, que averiguavam os documentos, das famílias, para aprovação da necessidade. Aquele tempo não existia cesta básica, mas uma vez por mês, recebiam um vale, valor dependendo do número de pessoas na família, para retirada de mantimentos básicos no Armazém do Horita.
Atrás deles, eram escritos os alimentos retirados, o que depois tínhamos que verificar. Eram feitas duas campanhas por ano: a do inverno e do Natal. Íamos na rua 25 de março (de ônibus) comprar os cobertores e tecidos que eram entregues na nossa casa. Minha avó, a portuguesa Assumpção, cortava os vestidinhos para as meninas, camisas e calças para os meninos e levávamos para as sócias que se ofereciam, para os costurar. Costureiras e alfaiates davam os retalhos de tecidos para colaborar.
A Associação se manteve até os anos 70, quando a cidade já tinha outros meios de ajuda as pessoas necessitadas, e minha mãe estar cansada. Meu pai Alberto sempre apoiou, e nunca reclamou dessa trabalhadeira... pois era...
As pessoas que colaboravam já tinham mais afazeres e a missão já estava cumprida. A “Cidade dos Móveis” transformou-se na “Cidade do Cinema” (Vera Cruz) e depois na “Cidade dos Automóveis”.
Assim vai aqui um pouco do que foram os antigos anos de nossa Cidade de São Bernardo do Campo e esse trabalho tão digno de minha mãe Odette.
Um abraço, Didi

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