Falei aqui há semanas atrás que deixei de comer carnes vermelhas. Não complementei que foi por oito anos, o tempo em que eu estava sob tratamento. Nesse tempo, comia carne de aves e peixes, mas, o cheirinho de uma carne assada entrava pelas narinas trazendo água na boca.
Nessa época a Editora Melhoramentos pediu-me para fazer um livro de culinária sobre frangos. O nome dado foi "Receitas de Frangos e outras Aves".
Entretanto, em meio a tantas receitas, em meu livro não consta uma muito especial que me foi enviada pelo meu neto Henrique que cursa Engenharia de Minerais, na Faculdade de Toronto, no Canadá. Instalado nos dormitórios da faculdade, tendo seu andar quatro quartos e uma cozinha, os colegas e amigos se reúnem aí para preparar as refeições. Um deles, um norueguês, veio com aquele clássico frango ao molho da cerveja. A moda do preparo para mim foi uma novidade. Vai aqui a explicação:
Tenha em mãos um frango e uma cerveja em lata, do tamanho maior. Salgue a ave por fora acrescentando o tempero ao seu gosto.
Beba meia cerveja. (só meia!) Acrescente ao resto da bebida temperos, como sal, pimenta, ervas, curry, enfim, o que você gostar. Feche bem o pescoço do frango. A gente costura. Eles lá colocam uns ganchos. Emborque a ave sobre a lata da bebida, coloque sobre uma assadeira e leve para assar. Tudo em pé. A cerveja vai evaporar cozinhando a carne e impregnando-a dos temperos. Quando já estiver dourada, retire do forno e com cuidado da lata. A cerveja então cairá na forma, misturando-se com a gordurinha que ficou do frango. Pode então engrossar esse caldo e colocar sobre a ave ou juntar umas batatas cozinhas para acompanhar a refeição.
Os amigos para quem eu repassei a receita acharam muito interessante, mas, já disseram que no tempo em que o frango estiver assando, precisam ter uma provisão de mais latinhas... rsrss
No sábado passado fui à feira comprar fígados e pezinhos de frango.
Ao fazer o pedido, uma senhora ao meu lado perguntou se eu estava seguindo orientação médica comprando os pés da ave. Ante minha resposta que não, ela disse que estava com problemas nos ossos e que o doutor havia dito que não ia lhe dar medicamentos, mas a receita era que ela comesse duas vezes por semana alguns pezinhos de frango. Perguntou-me então como eu preparo. Passei o que aprendi com meus pais. Um caldo feito como de canja: cebola, alho, alho poro, tomates, cheiro verde e qualquer coisa mais que se queira. Junto, para meio quilo de pés, uns três fígados com os corações.
Depois me lambuzo toda comendo com os dedos, no que sou acompanhada pelo neto Daniel, que experimentou certa vez, quando ficava enojado de me ver comendo, mas decidiu provar e achou delicioso!
Mudando de alhos para bugalhos, vão aqui alguns reflexos do resgate dos mineiros chilenos.
Li na internet que um deles encontrou a mulher grávida de cinco semanas, o que dá 35 dias. Uma vez que eles permaneceram lá por 69 dias, a coisa ficou confusa. O médico, entretanto disse ao marido que existem espermatozóides "dorminhocos", no que o homem acreditou. O relato vinha com a foto do casal. Será verdade? É para rirmos, mas o marido? É para chorar.
Já a empregada doméstica de uma amiga estranhou que quando eles foram resgatados estivessem falando uma língua diferente, com um "monte de gente"esperando-os e a ausência do presidente Lula, que nem foi lá para recebê-los. Ela achava que os mineiros eram mineiros de Minas. Coisas de nosso povo.
Um abraço, Didi
Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo - email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
