30 Apr 2024


A baixa cobertura vacinal e o viés ideológico

Publicado em Editorial
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A cobertura vacinal no Brasil vem despencando nos últimos dez anos, deixando a população, especialmente as crianças, mais vulneráveis a doenças já erradicadas no país, como sarampo e poliomielite, e que podem deixar sequelas graves ou causar mortes.
Embora o índice de vacinação ideal seja acima de 90%, dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram que a taxa de vacinação infantil no Brasil vem sofrendo, desde 2012, uma queda brusca: a taxa caiu de 93,1% para 71,49%. Em 2016, chegou a 50,4%. Em 2021, a porcentagem foi de 60,7%, segundo informações do Data SUS do Ministério da Saúde. De acordo com a pesquisa, realizada em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse número coloca o Brasil entre os dez países com menor cobertura vacinal do mundo.
A baixa cobertura vacinal no Brasil deixa a população infantil em risco. Crianças são expostas a doenças que antes não eram mais uma ameaça, como o sarampo, que foi erradicado no país em 2016, mas que em 2018, voltou para a lista de doenças no Brasil. Outras doenças que correm o risco de voltar a acometer as crianças são a poliomielite, a meningite, a rubéola e a difteria.
A curto prazo, a redução da vacinação torna bastante difícil controlar a disseminação de vírus e bactérias e, assim, diminuir ou evitar o índice de contaminação e doentes. E, a longo prazo, pode ocorrer a reemergência e assim, ficar praticamente impossível impedir o seu avanço.
Um dos principais imunizantes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola), que registra números de cobertura insuficientes desde 2017. Naquele ano, o indicador registrou 86,2%; em 2021, a cobertura caiu para 71,4%. Esse decréscimo na vacinação vem contribuindo para o surgimento de novos surtos de sarampo, uma doença altamente contagiosa.
No ABC, a vacinação infantil não atinge, a quatro anos consecutivos, a meta de cobertura vacinal em uma série de oito imunizações destinadas às crianças de até 15 meses, de acordo com informações do DataSUS, do Ministério da Saúde. O índice da vacina tríplice viral, que já estava abaixo da meta (95%), em 2021, apenas 64,8% das crianças da região receberam o imunizante.
A pandemia de Covid-19, com seus desdobramentos de isolamento social, contribuiu para que esses índices baixassem, mas, além disso, outro fator preocupante e que tem agravado a situação é o viés ideológico. Muitas mães deixaram de levar seus filhos para se vacinarem devido a propagação em massa de fake news.
Na última semana, durante a reinauguração de uma UBS, o prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior, fez um alerta, reforçando as palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: que amor é esse que a mãe pode ter pelo filho e deixar de vaciná-la contra rubéola, sarampo?”, questionou. Segundo Auricchio, os únicos países que retornaram à pólio são a Índia, o Brasil, além dos países da África subsariana.
A cobertura vacinal no Brasil está em índices alarmantes. Ainda é possível revertê-la com a simples conscientização da importância dos imunizantes. O país é desenvolvido na imunização e não pode, em hipótese alguma, principalmente por questões de viés ideológico, totalmente infundadas do ponto de vista técnico e científico, perder essa marca. É inadmissível imaginar um cenário com o retorno de doenças já erradicadas como o sarampo.

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