30 Apr 2024

Publicado em Editorial
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   Quem não se chocou ou, no mínimo, se surpreendeu, na última semana, com a revelação, de que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou trazer ilegalmente para o País um conjunto de jóias avaliadas em 3 milhões de euros, o que equivale a R$ 16,5 milhões? Também teria recebido, pessoalmente, um segundo conjunto de jóias Chopard, com direito a relógio, par de abotoaduras, caneta rosé gold, anel, etc, da Arábia Saudita, que chegaram ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
   Ou ainda, com o fato do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ex-governador da Bahia, tentar emplacar o nome de sua esposa que é enfermeira, Aline Peixoto, para o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado da Bahia (TCM-BA). A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa já aprovou a candidatura de Aline, que não tem nenhuma experiência em trabalhos legislativos nem no controle de contas públicas. O cargo é vitalício e o salário é de R$ 41 mil. A indicação ainda precisa ser aprovada no plenário da Assembleia, mas a nomeação de parentes para cargos públicos viola a Constituição. Trata-se de um caso escancarado de nepotismo.
   Isso tudo, sem mencionar que o atual governo brasileiro não aderiu a uma declaração conjunta de mais de 50 países que denunciaram os crimes do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, e se manteve em silêncio diante das denúncias, durante uma reunião no Conselho de Direitos Humanos da ONU, na última semana. A decisão do Itamaraty chamou a atenção tanto de governos da América Latina como de capitais em outras partes do mundo.
   Fatos como esses não orgulham nenhum brasileiro, mas não superam os espetáculos vexaminosos que o país já presenciou. Há 17 anos, um assessor parlamentar do deputado federal José Guimarães (PT-CE), reeleito em outubro último, José Adalberto Vieira da Silva, foi preso no embarque do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com US$ 100 mil escondidos na cueca e R$ 209 mil em uma mala. O episódio levou à saída de José Genoino, irmão de Guimarães, da direção do PT.
   Além disso, há 18 anos, o Brasil viveu um dos maiores escândalos da história política, o ‘mensalão’. Roberto Jefferson foi acusado de chefiar um esquema de corrupção nos Correios e no IRB, em maio de 2005. Ele atribuiu à cúpula do PT a negociação de cargos e o repasse de dinheiro, como uma mensalidade a deputados da base aliada.
   Os anos se passam, mas o Brasil continua sendo palco dos maiores escândalos e fatos, na sua maioria, senão totalidade, envolvendo políticos, que constrangem os valores morais dos cidadãos brasileiros.
O termo “moral” vem do latim mores, “relativo aos costumes”. Ainda que os costumes variem de época para época e de cultura para cultura, assumem valor de verdade só para depois serem substituídos. O filósofo Nicolau Maquiavel demonstra em sua obra, “O Príncipe”, que não existe uma moral a priori no que diz respeito à administração pública, e que tudo depende das circunstâncias.
    Maquiavel choca a sociedade ao apresentar uma proposta de um “espelho”, caracterizado por seguir uma moral pagã. Diante do pensamento cristão, o pensamento pagão de fato se torna algo próximo do mal, porém, como afirmou o ensaísta, romancista, G. K. Chesterton: “o certo é certo, mesmo que ninguém o faça. O errado é errado, mesmo que todos se enganem sobre ele”.

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