01 May 2024


O aumento da inadimplência

Publicado em Editorial
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   Mais de 71,4 milhões de brasileiros, o que corresponde a 43% da população, estão comprometidos com dívidas em aberto, que totalizam R$ 340,6 bilhões, segundo levantamento da Serasa Experian de abril. O número é alarmante e trata-se do maior já verificado desde janeiro de 2016, quando o País enfrentava uma forte recessão.
   No ABC, a situação também não é diferente. A CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de São Caetano apontou, de acordo com dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que o número de inadimplentes residentes na região cresceu 15,01% em maio de 2023, em relação a maio de 2022. O índice ficou acima da média da região Sudeste (8,11%) e acima da média nacional (9,42%). Na passagem de abril para maio, o número de devedores do ABC cresceu 2,04%. Na região Sudeste, na mesma base de comparação, a variação foi de 2,19%. Em maio de 2023, cada consumidor negativado da região devia, em média, R$ 5.199,23 na soma de todas as dívidas. O tempo médio de atraso dos devedores negativados residentes no ABC é igual a 25,1 meses, sendo que 34,39% dos devedores possuem tempo de inadimplência de 1 a 3 anos.
   Os principais vilões, que levaram os consumidores a ficarem com o nome sujo, foram o cartão de crédito e o empréstimo em banco ou financeira, segundo estudo realizado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), que mostra que o cartão de crédito (31%), empréstimo em banco ou financeira (26%), crediário (21%), o cheque especial (15%) e telefone (11%).
Os principais produtos ou serviços comprados no crédito, seja no cartão de crédito, cartão de lojas, no cheque ou crediário, que levaram à inadimplência foram os itens de supermercado (43%), roupas, calçados e acessórios (32%), remédios (28%), eletrônicos (19%), eletrodomésticos (19%) e combustível (18%).
   O levantamento também elencou quais são as demais contas que os inadimplentes possuem atualmente com o pagamento em atraso, mas que não necessariamente levaram à negativação. De acordo com os dados, o cartão de crédito (20%), empréstimo com parentes ou amigos (19%), conta de água e luz (15%), cheque especial (13%) e crediário (13%), são as contas que os entrevistados mais deixaram de pagar.
   A espiral do endividamento ainda deverá se manter em trajetória de crescimento e corroendo o poder de compra das famílias, com a alta da inflação e dos juros altos no país.
   Assim, muitas famílias são levadas às dívidas para cobrir as despesas básicas. Apenas em abril, 700 mil pessoas físicas ingressaram na lista de inadimplentes. Na comparação com o mesmo período de 2022, foram 5,3 milhões a mais.
   Entre os inadimplentes, 69,9% estão na faixa etária de 26 a 60 anos de idade. Em tese, ainda em plena capacidade de trabalho, o que torna a situação ainda mais preocupante, pois se nem no período de maior produtividade profissional está sendo possível cobrir as despesas e gastos básicos, quando atingirem a terceira idade, com aposentadoria, a situação, fatalmente, se agravará ainda mais. Nem a desaceleração dos índices de preços ao consumidor, em abril, não foi suficiente para conter o aumento da inadimplência de pessoas físicas.
   Potenciais alívios para o pagamento destas contas em atraso, poderão ocorrer apenas, no segundo semestre, com o pagamento do 13º salário para os aposentados e com a possível aprovação do Projeto de Lei 2385/23, que está em análise na Câmara dos Deputados, e que fixa aumento do salário mínimo acima da inflação, a partir de 2024.
   Ainda assim, a solução para este cenário devastador depende da soma de esforços do po-der público para que seja possível fomentar um crescimento sustentável, que gere impactos efetivos não só na renda dos trabalhadores, mas, principalmente nos empregos formais.

Última modificação em Sexta, 30 Junho 2023 14:29
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