03 May 2024

Publicado em Editorial
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   Em 37 anos, o Brasil teve um desmatamento de um território 2,5 vezes maior do que a Alemanha, de acordo com estudo divulgado, na quinta (31) de agosto, pelo Mapbiomas. Foram 96 milhões de hectares de vegetação nativa devastados, entre 1985 e 2022, como base de comparação, a Alemanha possui 357 mil km².
A análise foi realizada por meio de uma série histórica de dados disponíveis em satélite e demonstrou que a destruição da vegetação nativa cresceu aceleradamente, após a aprovação do Código Florestal, em 2012, que concedeu anistia para quem praticou desmatamento ilegal até julho de 2008. Isso, na prática, criou uma sensação de permissividade entre os desmatadores, o que gerou aumento na devastação após a sua aprovação.
Nos cinco anos que antecederam a aprovação do Código, de 2008 a 2012, cerca de 5,8 milhões de hectares foram desmatados. Enquanto que, nos cinco anos posteriores, de 2013 a 2018, a área saltou para 8 milhões de hectares e foi crescendo até hoje. De 2018 a 2022, foi registrado um crescimento de 120% no desmatamento em comparação com o período pré-código (2008-2012): foram 12,8 milhões de hectares de vegetação nativa destruídos.
   Esse quadro é extremamente preocupante e ainda recebe pouca atenção dos governantes. O desmatamento da Mata Atlântica, por exemplo, cresceu 406% no Estado de São Paulo entre 2019 e 2020 na comparação com o período anterior, ou seja, 218 hectares. No mesmo período anterior, 2018-2019, foram desmatados 43 hectares. No Estado, o bioma está no entorno das áreas metropolitanas e no litoral e, por isso, a pressão acontece menos por causa da ocupação agrícola e mais por conta da expansão imobiliária e pelo turismo. As informações são do Atlas da Mata Atlântica.
Quem imagina que está situação está longe e ainda não o afeta, está completamente equivocado. Em diferente escala a supressão de árvores também tem aumentado expressivamente no ABC.
Diariamente, ao circular pelas ruas do ABC, principalmente em Santo André, é possível se deparar com tocos de árvores que foram suprimidas, arrancadas, principalmente na região central. Se arrancadas ilegalmente, a prática configura crime ambiental, porque toda e qualquer retirada ou poda de árvore em calçada deve ser feita, exclusivamente, pelas equipes do DMAV (Departamento de Manutenção de Áreas Verdes) da Prefeitura. Como punição, há multas ou a plantio de mudas de árvores, porém em locais não especificados ou revelados.
   O procedimento para o munícipe que quiser solicitar a retirada de alguma árvore é fazer uma solicitação na Prefeitura. O pedido é avaliado pelo DMAV, que define a necessidade de realização do serviço por meio de critérios técnicos, como problemas fitossanitários.
   Porém, as alegações são as mais esdrúxulas possíveis, uma delas, alegava que moradores de um edifício estavam incomodados com uma árvore de “grande proporção”, que estava prejudicando a entrada de sol e a vista dos moradores do prédio. Outro caso, moradores estavam incomodados com as folhas que caem ou comerciantes que têm a fachada de seu estabelecimento tapada por uma árvore. Talvez falte conhecimento, por parte de muitos, que a importância que uma árvore tem para toda a comunidade, seja absurdamente maior, do que o “incômodo” que ela possa causar para poucos.
   As árvores, dentre outros benefícios, conservam a quantidade ideal de oxigênio no ar, abrigam os pássaros, que espalham as sementes e comem os insetos, dão sombra e proporcionam alívio térmico, transformam gás carbônico em oxigênio, entre outros. Por isso, é preciso pensar maior, no benefício coletivo que uma árvore proporciona para o meio-ambiente e para o coletivo, do que, simplesmente, por motivo egoísta, querer que ela seja arrancada em benefício próprio.
   Em muitas cidades do exterior, como Buenos Aires (Argentina), Quito (Equador), Copenhagen (Dinamarca), Austin (Estados Unidos), Fernando de la Mora, Paraguay, entre outros, há casas que são construídas totalmente adaptadas às árvores que já existiam no local, com curvas arquitetônicas surpreendentes, simplesmente, para evitar que a árvore seja arrancada. Bons exemplos, que poderiam inspirar os moradores do ABC, mas que ainda não fazem parte da cultura e valores de muitos dos munícipes da região.

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