26 Apr 2024


O que deu errado em São Caetano?

Publicado em Editorial
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24/11/12

O que deu errado em São Caetano?

São Caetano, sem periferia carente e sem favelas, mostrou mais uma vez, nas recentes eleições, que tem o eleitorado mais esclarecido do ABC. Quer dizer, um eleitorado que sabe o quer e que não se deixou levar por agressões publicitárias a um candidato. Assim, o vereador Paulo Pinheiro (PMDB) foi eleito com 61,1 mil votos (63,3%) contra 33,5 mil (34,8%) da candidata da situação, Regina Maura. O total de votos obtidos por Pinheiro representa mais da metade dos eleitores cadastrados na cidade, da ordem 111,4 mil. Contudo, o total de votos válidos foi de 96,5 mil. Foi uma vitória incontestável. O eleitorado local, que por mais de 30 anos manteve o PTB no poder municipal, desta vez, optou por outro candidato, que era da situação e se transferiu para a oposição.


O grupo do Paço da Cerâmica, por sua vez, tinha tudo a favor para eleger a candidata da situação. Não escolheram o candidato que poderia manter a tradição do PTB no poder. Houve apenas a imposição do atual prefeito que queria, porque queria, eleger a secretária Regina Maura. Para isso, foi obrigado a fazer diversos acordos com outros pretendentes que faziam parte do grupo do Paço. Não foi fácil, pois compensações tiveram que ser feitas, principalmente para ter o apoio de quem pretendia ser candidato a prefeito. O vereador Paulo Pinheiro discordou e caiu fora. Outros permaneceram. Tudo isso porque o comandante do Paço era o grande eleitor, dando a impressão de que poderia eleger até um poste.
Para grande batalha eleitoral, o Paço conseguiu o apoio da maioria dos partidos políticos e com isso tinha mais de 200 candidatos a vereador apoiando a candidatura oficial e, para isso, receberam material publicitário para a campanha. Era um poderio bélico-eleitoral para ninguém botar defeito. Assim, a eleição da candidata oficial era uma questão de tempo.
E o que deu errado?
O comandante do Paço, desde o início, se posicionou com o mentor da candidatura oficial, acompanhando-a no início da campanha eleitoral. Nem sempre isso é correto. O ex-prefeito Braido, na eleição do primeiro mandato do ex-prefeito Tortorello, mandou inicialmente seu candidato caminhar com as próprias pernas. Na pesquisas, não passava dos 20% contra 30% do candidato Antonio Russo. Há um mês do pleito, Braido criou um fato novo divulgando seu apoio a Tortorello. Deu no que deu. Também houve o afastamento do prefeito do eleitorado, no Paço só recepcionava em seu gabinete pessoas notáveis. Os eleitores locais eram atendidos por assessores. Num evento na época da inauguração da nova Câmara, o prefeito entregou dezenas de placas alusivas ao evento à nata das famílias da cidade. No final, quando um coquetel iria ser servido, o prefeito saiu de fininha e não foi ao salão cumprimentar os demais membros das famílias. Na reinauguração do Hospital São Caetano, numa manhã de domingo, os presentes eram idosos na maioria. Um locutor chamou ao palco as autoridades presentes. Regina Maura foi bem aplaudida. Depois chamar outras autoridades, faltavam o prefeito e a esposa. Denise foi a primeira ser chamada, sendo a mais aplaudida. O prefeito não esperou ser chamado, pegou na mão da esposa e subiu junto ao palco. Quer dizer, ninguém ficou sabendo se o prefeito teria o mesmo entusiasmo de aplauso dado à sua esposa.
Pinheiro entrou na disputa como o tostão contra o milhão. Mas, como seu carisma é muito forte, deu a volta por cima. Quando deixou o Paço, convocou a imprensa para uma entrevista na Câmara, numa sala pequena destinada aos jornalistas, pouco mais de oito pessoas. Do lado de fora e também na sala, havia mais de 70 pessoas querendo ouvir o candidato que estava desafiando o Paço. Mais para frente, quando tomou posse na presidência do PMDB, num buffet na área central, mais 1,2 mil pessoas foram cum-primentá-lo. Tem um detalhe: nenhum ônibus foi buscar essas pessoas nos bairros, que vieram ao evento por iniciativa própria.

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