A pandemia do coronavírus acelerou o processo de digitalização de todos os setores da economia. Alguns segmentos se adaptaram mais rápido ao novo mundo virtual, como o varejo e o entretenimento, enquanto outros patinaram na mudança. Um tanto quanto resistente, o sistema bancário tem sido um dos segmentos mais atrasados na digitalização, segundo Enrique O’Reilly, diretor da Temenos, empresa de software bancário sediada na Suíça, em entrevista concedida ao jornal O Estado de S.Paulo. “Havia uma forte necessidade de ir à agência. Com a pandemia, o movimento para operações sem contato e digitalizadas foi impulsionado através de vários mecanismos”, afirma O’Reilly.

A pandemia acelerou mudanças que, possivelmente, vieram para ficar, como a diminuição no uso do dinheiro vivo e a popularidade dos pagamentos eletrônicos. Segundo Jaqueline White, presidente da empresa, com a digitalização, os grandes bancos tradicionais foram “empurrados” para fora da zona de conforto. “Os bancos estão notando todas as novas necessidades e caminhos que as finanças estão trilhando no mundo digital”, afirma. Com o processo de digitalização ainda em adaptação, o Banco do Brasil foi uma das instituições que demoraram a oferecer serviços e facilidades digitais aos clientes. Mesmo com um ano e meio de pandemia, o banco ainda solicita documentos físicos dos clientes para simples operações. Hoje 88,3% dos brasileiros usam os serviços bancários de forma online e, com a pandemia, o setor bancário viu o fortalecimento dos bancos digitais e o acirramento na disputa de novos clientes.Com atrativos como isenção de tarifas e inexistência de agências físicas, os bancos digitais angariaram aportes de investidores e milhões de novos clientes.

Atualmente, 57% dos brasileiros com internet tem conta em bancos digitais, segundo pesquisa do C6 Bank em parceria com o Ipec (instituto criado por ex-executivos do Ibope Inteligência).  No entanto, as tradicionais instituições financeiras têm a vantagem de possuir um elevado número de clientes e ter capital para investimentos em tecnologia. “Eles precisam ser humildes e rápidos para perceber que o serviço de amanhã não é exclusivo deles”, afirma O’Reilly.