A Braskem tem destinado investimentos em projetos com o conceito de “Nada se desperdiça. Tudo se Transforma”. As iniciativas fazem parte das práticas da Economia Circular, que proporciona melhora da qualidade de vida da sociedade e da sustentabilidade. A companhia está investindo R$ 130 milhões em três projetos de economia circular, que englobam o início da construção de um Centro de Desenvolvimento de Embalagens Circulares, a inauguração de uma fábrica de Reciclagem Mecânica e o início da construção da primeira planta de Reciclagem Avançada no Brasil com tecnologia desenvolvida pela Valoren. “Com essas iniciativas, buscamos fechar o ciclo da economia circular”, afirma o vice-presidente de Olefinas e Poliolefinas da Braskem na América do Sul, Edison Terra. Confira a entrevista exclusiva.

FOLHA DO ABC- A Braskem incentiva as práticas da Economia Circular, com foco em melhorar a vida das pessoas, criando soluções sustentáveis da química e do plástico. Neste cenário, quais as principais iniciativas e projetos desenvolvidos?

Edison Terra- A Braskem, alinhada com os objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU para 2030, assumiu novos compromissos na busca por um futuro melhor para as próximas gerações. A empresa estruturou esses compromissos em macro-objetivos que se espelham em sete dimensões: saúde e segurança, resultados financeiros e econômicos, eliminação de resíduos plásticos, combate às mudanças climáticas, ecoeficiência operacional, responsabilidade social e direitos humanos e inovação sustentável. Para cada um deles, a Braskem definiu metas e objetivos claros.

No esforço pela eliminação de resíduos plásticos e para contribuir com a economia circular, vamos ampliar nosso portfólio de produtos, incluindo, até 2025, 300 mil toneladas de resinas termoplásticas e produtos químicos com conteúdo reciclado; e, até 2030, 1 milhão de toneladas desses produtos. Ainda para 2030, trabalharemos para eliminar a destinação de 1,5 milhão de toneladas de resíduos plásticos para incineração, aterros ou seu descarte no meio ambiente.

Através das parcerias com nossos recicladores parceiros, tais como Barreflex, Cimflex, Clean Plastic, Ecopel e Wise, temos aumentando o nosso portfólio de soluções com conteúdo reciclado, buscando melhorar a qualidade do produto, dos processos e dos controles de qualidade. Além disso, o investimento para aumento da capacidade de reciclagem no Brasil com a primeira planta de reciclagem da Braskem em Indaiatuba, com a parceria com a Valoren.

Para alcançar esses objetivos, estamos desenvolvendo um conjunto de projetos que incentivam a economia circular. Por exemplo, em parceria com a BASF, estamos trabalhando para acelerar o processo de transformação do setor químico com foco nos desafios relacionados à reciclagem e à neutralidade de carbono. Entre as iniciativas que fazem parte dessa parceria está a estruturação de um fluxo de reciclagem mecânica de plásticos para armazenagem de grãos – conhecidos como silo bolsas – para o Agronegócio. Acreditamos que essa solução de plástico reciclado estará disponível no mercado até o final de 2022.

Outro projeto que reforça o compromisso da Braskem com a economia circular é a parceria com a Cosan e suas empresas Raízen, Compass, Comgás, Moove e Rumo. Estamos conduzindo iniciativas para reduzir as emissões de carbono, diminuir o consumo de energia e o uso de recursos naturais, e promover a disseminação de boas práticas ambientais e sociais que já são adotadas pelas companhias.

Uma frente da parceria é ressignificar o destino de parte dos resíduos gerados em corridas de ruas patrocinadas pela Cosan. Estamos realizando um projeto para recolher, nos eventos esportivos, copos plásticos que serão reciclados e transformados em lixeiras que serão doadas para escolas públicas, gerando impacto social positivo. A primeira ação já aconteceu e foram coletados 850 kg de copos de polipropileno, quantidade que será transformada em mais de 500 lixeiras.

Outra ação que reforça o compromisso da Braskem com a economia circular é a parceria com a Tecipar, empresa brasileira especializada em engenharia ambiental, que evitará que mais de duas mil toneladas de resíduos plásticos domiciliares (cerca de 36 milhões de embalagens plásticas de polietileno e polipropileno) sejam despejadas anualmente no aterro sanitário de Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo. Este foi o primeiro contrato da Braskem para retirada de resíduos plásticos de aterros sanitários.

Temos também o Programa de Logística Reversa de Copos Decartáveis, em parceria com a Dinâmica Ambiental. O projeto, que possui apoio da Copobrás, Altacoppo, Unigel e Innova, busca orientar e incentivar organizações a instituírem melhores procedimentos de logística reversa para o destino adequado de copos plásticos após o seu uso, reinserindo-os no ciclo de produção do plástico.

Além disso, com o objetivo de auxiliar clientes, brand owners e profissionais de design de todos os setores a solucionarem os desafios em relação às embalagens plásticas, lançamos uma metodologia própria de desenvolvimento para auxiliar as empresas a alcançarem seus compromissos de sustentabilidade de 2025 e 2030. Ela se baseia no conceito de design for environment (DfE), que visa melhorar o impacto ambiental das embalagens, criando uma nova maneira de pensar esses projetos desde a escolha do formato e a composição do material até a definição de rotas de circularidade, engajamento do consumidor e solução de fim de vida do produto.

FOLHA- A Braskem anunciou que está investindo R$ 130 milhões em projetos de Economia Circular. Quais são os projetos e o que a companhia prospera com este investimento?

Edison- O aporte de R$ 130 milhões será destinado a três projetos voltados à economia circular: o início da construção de um Centro de Desenvolvimento de Embalagens Circulares, a inauguração de uma fábrica de reciclagem mecânica e o início da construção da primeira planta de reciclagem avançada no Brasil com tecnologia desenvolvida pela Valoren. Com essas iniciativas, buscamos fechar o ciclo da economia circular.

O Centro de Desenvolvimento de Embalagens para Economia Circular, chamado Cazoolo, irá operar na zona Oeste da capital paulista. Trata-se de hub de inovação, por meio do qual a companhia estabelecerá parcerias com clientes, brand owners, designers, startups e universidades para desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis por meio de melhorias no design e na jornada das embalagens, desde sua concepção até o pós-consumo, visando a circularidade e menor impacto ambiental.

Já a planta de reciclagem mecânica em Indaiatuba (SP), com inauguração prevista para março, é fruto da parceria com a Valoren, empresa desenvolvedora de tecnologia e gestora de resíduos para transformação em produtos reciclados. A expectativa é que, anualmente, no local, 250 milhões de embalagens pós-consumo feitas de polietileno e polipropileno – presentes em materiais de limpeza, higiene pessoal, cosméticos e alimentos, por exemplo – sejam transformadas em 14 mil toneladas de resina de alta qualidade, que por sua vez passarão a ser reutilizadas como matéria-prima na indústria de transformação. A planta já está na fase de comissionamento e pré-operação assistida.

A terceira iniciativa foi a assinatura de mais um projeto com a Valoren para a construção e instalação de uma unidade de Reciclagem Avançada, também em Indaiatuba. Ela irá transformar quimicamente, por meio do processo de pirólise, resíduos plásticos em matéria-prima circular certificada, que será utilizada para fabricação de resinas ou insumos químicos. A nova unidade, que envolve um desembolso conjunto de R$ 44 milhões, deverá começar a operar no primeiro trimestre de 2023 e terá capacidade de produzir seis mil toneladas de produtos circulares por ano.

FOLHA- Algumas multinacionais como Graham Packaging e PepsiCo Brasil vêm tentando reduzir a produção de embalagens plásticas, adotando tecnologias de reuso e reciclagem. Como a Braskem avalia este cenário e o espera em relação ao futuro do plástico?

Edison- O objetivo da Braskem é liderar iniciativas que agreguem valor à  cadeia produtiva, contribuindo de forma efetiva para melhorar os processos ligados à reciclagem de resíduos plásticos no Brasil e no mundo. Nosso objetivo é a construção de uma sociedade mais sustentável, em que temas como economia circular e consumo consciente serão ainda mais prioritários.

Nesse sentido, estamos desenvolvendo diversas iniciativas, mencionadas anteriormente, como aquela em conjunto com a Tecipar - que evitará que mais de duas mil toneladas de resíduos plásticos domiciliares sejam despejadas anualmente num aterro sanitário - e com a Valoren, para criação de uma planta de reciclagem mecânica e uma de reciclagem avançada, além do projeto com UFRJ, SENAI CETIQT e a Fábrica Carioca de Catalisados S.A. para o desenvolvimento de catalisadores para melhorar a qualidade dos produtos gerados no processo de reciclagem avançada do plástico.

FOLHA- A Braskem preza pelo bom relacionamento com as comunidades onde tem unidades fabris. Uma das iniciativas é o Programa Formando Laços. O senhor poderia fazer um balanço do programa desde o início, em 2014?

Sylvia Tabarin (Gerente de Relações Institucionais Braskem)- O Programa Formando Laços é uma iniciativa que teve início em 2014 e já impactou cerca de 3.903 pessoas, envolvendo visitas de estudantes, agentes públicos, parceiros e cidadãos da comunidade local. Essa iniciativa reforça nossa postura de transparência e disponibilidade para o diálogo e poder mostrar, com orgulho, o que fazemos e como fazemos são outros importantes fatores que estão implícitos nesse Programa.

 Durante as visitas no Formando Laços, são apresentados como funcionam os processos produtivos e de que maneira a Braskem contribui para a melhoria da qualidade de vida através de seus produtos como utensílios de higiene pessoal e saúde, culinária e vestuário e entre outros. Os participantes também passam a conhecer como a sustentabilidade e inovação estão presentes nos processos e na cadeia produtiva da petroquímica, além de terem a oportunidade de esclarecer diversas dúvidas em relação a segurança e meio ambiente.