06 May 2024


66 mi de brasileiros poderiam ser abastecidos com quantidade de água perdida na distribuição

Publicado em Política
Avalie este item
(0 votos)

Diante de um cenário mundial em que a importância da água potável é cada vez mais ressaltada como forma de prevenir a proliferação de doenças e garantir qualidade de vida, aproximadamente 35 milhões de brasileiros não tem acesso à água tratada nem sequer para lavar as mãos. Enquanto isso, 40,1% da água é perdida antes mesmo de chegar à casa das pessoas. Frente a esse contexto, o Instituto Trata Brasil, com parceria institucional da Asfamas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Materiais para Saneamento) e da Water org, com elaboração da consultoria GO Associados, divulga seu mais novo estudo: “Perdas de Água Potável (2022, Ano Base 2020): Desafios para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico No Brasil”. O estudo foi feito a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, ano base 2020) e contempla uma análise do Brasil, das 27 Unidades da Federação e as cinco regiões, bem como as 100 maiores cidades -- os mesmos municípios do Ranking do Saneamento Básico.

O atraso histórico do Brasil, maior país da América Latina, com relação ao saneamento se torna ainda mais evidente diante de sua grande ineficiência na distribuição da água potável pelas cidades. O valor em porcentagem da água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil representa um volume equivalente a 7,8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira -- maior conjunto de reservatórios para abastecimento do Estado de São Paulo. Mesmo considerando apenas os 60% deste volume que são de perdas físicas (vazamentos), estamos falando de uma quantidade suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a um pouco mais de 30% da população brasileira em 2020. Esse volume seria, portanto, mais que suficiente para levar água aos quase 35 milhões de brasileiros que até hoje não possuem acesso nem para lavar as mãos. Poderia também atender, por quase três anos, aos mais de 13 milhões de brasileiros que habitam favelas. Além de atender a este enorme contingente de brasileiros, no que se refere ao impacto ambiental, o volume de água que poderia ser economizado da natureza certamente ajudaria a manter mais cheios os rios e reservatórios espalhados pelo país.

O que o Brasil registra de perdas no indicador Perdas de Água nos Sistema de Distribuição é praticamente o que se perde em termos financeiros avaliados no Índice de Perdas de Faturamento Total. O estudo estima que uma redução dos atuais 40,9% nesse indicador financeiro para índices próximos a 25%, meta prevista pela Portaria Nº 490 do Ministério do Desenvolvimento Regional, permitiria a economia de um volume da ordem de 2,3 bilhões de m³. Significa que, mesmo se conseguirmos uma redução não tão ambiciosa nas perdas de água, já seria volume suficiente para atender a aproximadamente 40,4 milhões de brasileiros em um ano -- número equivalente aos brasileiros historicamente sem acesso.

COMPARAÇÃO INTERNACIONAL

Para efeito de comparação com outros países, utilizamos como referência a International Benchmarking Network for Water and Sanitation Utilities (IBNET) e, como indicador, o Índice de Perda de Faturamento Total (IPFT). Nesse caso, o Brasil registrou (em 2020) um IPFT de 40,9%, ou seja, índice pior que países como Camarões (39,5%), África do Sul (33,7%), Etiópia (29%), Reino Unido (20,5%), Polônia (17%), entre outros.

*Obs: Comparações entre países devem ser vistas com cuidado, pois nem sempre a periodicidade dos dados é compatível entre eles. Dados de outros países estão no relatório completo disponível no site do Trata Brasil.

Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

Main Menu

Main Menu