26 Apr 2024

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TITO COSTA


Esse é o titulo de um livro instigante, ensaio-ficção,  de autoria do advogado Antonio Bulhões-RJ (Editora Siciliano, SP/1990), no qual narra uma conferência sobre o tema proferida por certo professor diante de um auditório eclético. O conferencista, um gozador, sempre interpelado pelos assistentes, sustenta que a corrupção tem sido a mola-mestra do desenvolvimento e do aprimoramento material, cultural e ético do homem. Insiste em que a corrupção “é multifária, polivalente, onipresente, assistemática e pluriverbal”. Diz que os povos antigos sempre souberam disso, sem vacilações, havendo erigido em mito suas mais variadas formas. Ou seja: a corrupção nasceu com o homem e este vem-na  adotando ao longo dos tempos com a maior naturalidade e o maior caradurismo. Um amigo meu, experiente da vida, diz com a maior naturalidade: gosto da corrupção porque funciona!  E quebra todos os galhos! Digo eu que quem quizer informações detalhadas e como usá-la e dela se servir, é só procurar em Brasília qualquer departamento e terá a lição completa.

No Brasil a coisa vem de longe. Desde a chegada de Dom João VI em 1808 com todo o séqüito que aqui aportou, “um enxame de aventureiros, necessitados e sem princípios, pouco se interessavam pela prosperidade do Brasil e propunham-se a enriquecer-se à custa do Estado nada se importando em beneficiar o público” (ver o livro 1808, do jornalista Laurentino Gomes, 1ª ed., pág. 188).  O mesmo autor em seu mais recente estudo sobre a Independência do Brasil, narra no capítulo dedicado à Marquesa de Santos, conhecida amante de Dom Pedro I, que ela era “acessível a negociatas”. Segundo um diplomata americano, servindo na corte, “nenhum despacho imperial se obtinha sem o patrocínio de Domitila” (esse o seu nome). Ela foi a paixão declarada do imperador e “tirava partido disso para enriquecer”, na observação do cônsul-geral da Suécia à época (ver o livro 1822, de Laurentino Gomes, 1ª ed./2010, no capítulo “A Marquesa”, pág. 263 e ss.). Toda essa fúria para o assédio aos cofres públicos tem origem mais remota, vem da época das Capitanias Hereditárias e depois, dos Governos Gerais aqui instituídos ao tempo do Império quando, dizem os historiadores, roubava-se à vontade sem risco de punição. Portanto, nada de serem acusados os corruptos dos  tempos de agora. Eles não têm culpa de nossos ancestrais terem sido pioneiros, tão espertos e tão ávidos, na dedicação ao exercício, com grande competência, dessa arte de fácil enriquecimento à custa dos cofres públicos. De lá para cá foi só um passo para o aperfeiçoamento dos métodos e de seus polpudos resultados.

Tito Costa é advogado, ex-prefeito de São Bernardo do Campo e ex- deputado federal constituinte de 1988. E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Última modificação em Sexta, 21 Janeiro 2011 19:03
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